Um nascimento, um assassinato
Brasil de Fato
No dia 28 de março de 1947 nasceu Honestino Monteiro Guimarães em Itaberaí, Goiás. Nesse dia, em 1968, ele comemorava seus 21 anos em casa, com a família e amigos. A televisão ligada na sala deu a notícia da morte de um estudante secundarista e comensal do restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro. Honestino saiu correndo, antes que sua mãe tivesse tempo de servir o jantar e o bolo.
Na manhã seguinte, na UnB, Honestino presidiu uma assembleia lotada, no Auditório Dois Candangos. Ao fim convidou todos a saírem para inaugurar a Praça Edson Luís de Lima Souto, no espaço em frente ao conjunto Fe-1 e Fe-3, da Faculdade de Educação. Estava presente o então vice-presidente da UNE, José Roberto Arantes de Almeida. A professora Suzy Botelho (mãe da esposa de Honestino) leu, emocionada, a carta dos professores da UnB.
Mais de 56 anos depois, lembramos desse dia, em que, com 21 anos de intervalo, ocorreram um nascimento e um assassinato perpetrado pela ditadura que oprimia o país, com arrocho salarial sobre os trabalhadores, censura aos meios de comunicação, à arte, e repressão feroz sobre estudantes e opositores ao regime.
Que nesse marco reflitam aqueles que em nossos dias pedem a volta dos militares e da ditadura.
Que a democracia conquistada à custa de tanta luta, de tanto sangue, seja defendida com todas as nossas forças. Aqueles que quiseram atacá-la, que sejam punidos exemplarmente, mas ao contrário do que acontecia na ditadura, dentro dos procedimentos legais e com ampla oportunidade de defesa.
Edson Luís e Honestino são vidas preciosas que perdemos, tombadas na luta por democracia e socialismo democrático, pela reorganização do sistema produtivo da sociedade de modo que todos possam usufruir das riquezas produzidas. Que o governo atual, com todas as dificuldades que enfrenta, consiga avançar nesse caminho.
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E que os crimes da ditadura nunca sejam esquecidos. Nossa luta por Memória, Verdade, Justiça e Reparação não cessará até que os responsáveis pelos crimes contra a humanidade cometidos pela ditadura de 1964 sejam punidos.
Edson Luís de Lima Souto, presente!
Honestino Monteiro Guimarães, presente!
Hoje e sempre!
Memória, verdade, justiça e reparação!
*Betty Almeida é historiadora, membro do Comitê por Memória Verdade e Justiça do Distrito Federal e autora do livro “A paixão de Honestino”.
** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato – DF.
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