Em último dia de campanha, Maduro pede voto de confiança e diz ser único candidato com propostas
Brasil de Fato
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta quinta-feira (25) um “voto de confiança” para o eleitor venezuelano. No encerramento da campanha eleitoral, o mandatário fez um discurso em rede nacional de televisão apresentando as propostas para um terceiro mandato e afirmando que ele é o candidato que “representa a paz” no país. As eleições serão realizadas no domingo, 28 de julho.
Em discurso de quase uma hora, Maduro apresentou mais uma vez o chamado Plano das 7 Transformações. O documento propõe o desenvolvimento em sete áreas. Os eixos estão divididos em economia, social, política, meio ambiente e relações internacionais, além de dois tópicos mais conceituais: expandir a doutrina bolivariana e aperfeiçoar a convivência cidadã.
Segundo Maduro, ele é o único candidato que apresentou propostas em toda a campanha eleitoral. O presidente garantiu que a pior fase da crise econômica já passou e o governo vai conseguir implementar os projetos que pretende de forma ampla.
“Aprendemos a fazer muita coisa sem nada, já passamos pela pior parte. Agora o que vem é para melhor, para maior, a profecia se cumprirá e nada nem ninguém nos impedirá de nos tornarmos uma potência emergente na América do Sul”, afirmou em discurso.
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Maduro também disse que seu último governo foi marcado por uma crise econômica que teve como origem as sanções impostas pelos Estados Unidos contra a indústria petroleira do país. Ele ressaltou que o país conseguiu contornar a crise e estabilizar a economia. Depois de passar por uma hiperinflação, a Venezuela termina o primeiro semestre de 2024 com uma inflação acumulada de 8% nos seis primeiros meses do ano. Segundo o governo, a projeção de crescimento do PIB para 2024 é de ao menos 8%.
“Crescemos acima das previsões mais otimistas. Conseguimos superar as sanções criminosas solicitadas pela extrema direita fascista e criamos uma proposta humanista em face ao capitalismo selvagem”, afirmou.
O presidente disse que o foco do seu próximo governo será a educação. De acordo com ele, o Executivo já está trabalhando em um movimento de modernizar as unidades de ensino e promover uma política educacional ampla e que atinja todas as crianças do país.
“As primeiras salas de aula virtuais que contam com inteligência artificial para apoiar o trabalho dos professores já estão na Venezuela. Nosso objetivo é elevar a qualidade pedagógica e educacional garantindo a gratuidade do nosso ensino”, afirmou.
Fim de campanha
Depois de 21 dias, a campanha foi encerrada. Esse foi o menor tempo de campanha que uma eleição venezuelana já teve. A partir de agora, não será mais permitida a veiculação de propagandas eleitorais. Comércios não poderão vender bebida alcoólica e não é mais permitido o porte de armas de fogo ou armas brancas.
Também não estão mais permitidas, a partir dessa sexta-feira, reuniões e marchas políticas, assim como o uso de máquinas pesadas para trabalho nas zonas urbanas. O Comando Estratégico Operacional estará sob responsabilidade de manter a inviolabilidade das fronteiras.
Maduro contra nove
O CNE anunciou em maio que 21,4 milhões de venezuelanos estão aptos a votar no dia 28 de julho. Cerca de 69 mil deles estão fora do país. O presidente Nicolás Maduro busca a reeleição contra outros nove candidatos.
Em junho, oito dos dez candidatos assinaram um acordo para respeitar o resultado das eleições. O ex-embaixador Edmundo González Urrutia, principal oposicionista, se recusou a participar e não assinou o documento. Além dele, Enrique Márquez, do partido Centrados, não assinou.
Como funciona o sistema eleitoral na Venezuela
A eleição para presidente na Venezuela tem apenas um turno. Ganha quem tiver o maior número de votos. O mandato para o presidente é de seis anos. No país, não há limite de reeleição para presidente. O atual chefe do Executivo é Nicolás Maduro, que concorre à reeleição para o terceiro mandato. Antes dele, Hugo Chávez também foi eleito três vezes, mas morreu logo no início de sua terceira gestão, em 2013.
Para votar, é preciso ter ao menos 18 anos e o voto não é obrigatório. Assim como o Brasil, a Venezuela também usa a urna eletrônica, mas a diferença é que no sistema venezuelano o voto é também é impresso. O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano contratou uma empresa em 2004 que desenvolveu e implementou mais de 500 mil máquinas e treinou 380 mil profissionais para operá-las.
O procedimento é simples. Os centros de votação são em escolas públicas. O eleitor entra na sala de votação, valida sua biometria e registra o voto na urna eletrônica. Ele recebe o comprovante impresso do voto, confere se está correto e o deposita em uma outra urna, onde ficam armazenados os votos em papel. Quando a votação é encerrada, o chefe da seção imprime o boletim de urna e faz a contagem dos votos impressos para conferir se estão de acordo.