Bordadeiras se orgulham do uniforme brasileiro nas Olimpíadas de Paris: ‘nada inferior’
Brasil de Fato
As cerca de 80 trabalhadoras responsáveis pelo bordado do uniforme da delegação brasileira se reuniram, nesta sexta-feira (26), na cidade de Timbaúba dos Batistas, para assistir a abertura das Olimpíadas de Paris.
Orgulhosas, elas se encontraram em um centro de convivência para idosos, para poder assistir a cerimônia e conferir o resultado do trabalho delas ao longo dos últimos meses. Elas ficaram animadas com o desfile e disseram que a roupa brasileira, alvo de críticas, não ficou “nada inferior” à de outros países.
No momento em que a embarcação do Brasil entrou em cena, elas reagiram com palmas, gritos e tremularam um pequeno lenço, simbolizando o trabalho artesanal delas.
“Foi muito choro, emoção, sorrisos, muita alegria”, resumiu Alcilene Medeiros, uma das bordadeiras de Timbaúba dos Batistas.
A cerimônia começou por volta das 14h30, no horário de Brasília. A edição de Paris apostou em um desfile ao ar livre, com 85 barcos percorrendo 6 km ao longo do rio Senna, levando 6,8 mil atletas de 205 delegações. Do outro lado do oceano, as trabalhadoras aguardavam ansiosas para conferir como o uniforme havia vestido os atletas.
“É muito gratificante a gente participar de um trabalho dessa magnitude, dessa complexidade, que são as Olimpíadas. Sempre passa na nossa mente, quando a gente recebe um convite para fazer um trabalho desse, que a gente vai explodir de felicidade, que a gente vai ter o trabalho reconhecido, mas a gente nunca sente o real tamanho daquela experiência antes de acontecer. A gente agora está transbordando de felicidade”, conta Alcilene.
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Timbaúba dos Batistas fica no seridó potiguar, a 282 km de Natal, e é famosa pelo bordado. Dos seus 2.400 habitantes, 800 deles, a maioria de mulheres, estão envolvidas com a atividade do bordado. É a principal atividade econômica do local.
Antes das Olimpíadas, outros dois eventos sacudiram a agenda das bordadeiras e mudaram completamente a rotina de trabalho delas: o casamento de Janja com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cerimônia de posse do petista. Nas ocasiões, a primeira-dama usou roupas bordadas por essas trabalhadoras do Rio Grande do Norte, planejadas pela estilista Helô Rocha, uma incentivadora do bordado potiguar.
Com as Olimpíadas, elas esperam que as encomendas aumentem e que cada vez mais consigam negociar o trabalho sem os famosos atravessadores.
“A felicidade foi muito grande em abraçar esse convite. Nós passamos cerca de 90 a 120 dias para fazer esses bordados. Houve choro, houve erros, acertos, houve luta, mas no final deu tudo certo e está aí o resultado: tudo muito lindo.”
Sobre as críticas ao uniforme, as bordadeiras estão serenas quanto ao trabalho feito e não estão abaladas pelas análises negativas. Nas redes, muita gente condenou a simplicidade e a baixa criatividade, apesar de reconhecer o talento e o simbolismo do bordado feito por elas.
“Ver o Brasil é emocionante, e ver que o nosso uniforme visivelmente não ficou inferior aos outros me trouxe uma sensação de alívio grande”, descreveu Alcilene.
A governadora em Paris
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), viajou até Paris para participar da cerimônia de abertura das Olimpíadas. Ela foi acompanhada pelo prefeito de Timbaúba dos Batistas e levou uma máquina de costura, simbolo do trabalho das bordadeiras. O estado terá um stand de divulgação do potencial turístico na Casa Brasil, em Paris, local em que reúne atrações nacionais para o público presente nas Olimpíadas.