Bastidores: debate entre candidatos à Prefeitura de SP tem ataques e candidato ‘Padre Kelmon’
Brasil de Fato
O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, promovido pela TV Band nesta quinta-feira (8), foi marcado por ataques entre os candidatos e uma comoção entre os integrantes de campanha e assessores. Entre aplausos, gritos e vaias, os apoiadores ficaram do lado de fora de estúdio, em um espaço reservado para a imprensa e membros dos partidos políticos.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi criticado nos bastidores por citar o filho de Bruno Covas, Tomás, durante o debate. Um dos membros do PRTB, o partido de Pablo Marçal, chegou a afirmar que o atual prefeito estaria “fazendo campanha com defunto”. Nunes assumiu a Prefeitura depois que o então prefeito Bruno Covas faleceu devido a um câncer em maio de 2021.
Membros das campanhas ouvidos pelo Brasil de Fato avaliaram que Marçal tem como objetivo levar os eleitores do ex-presidente de Jair Bolsonaro (PL), que apoia oficialmente Ricardo Nunes, ao colocá-lo como um candidato longe do bolsonarismo e a si como o real fiador de Bolsonaro em São Paulo. Nessa linha, Marçal chamou Nunes de “falsa direita”.
A despeito das críticas, os apoiadores de Nunes avaliaram que Ricardo Nunes teve um bom desempenho no debate e lamentaram os posicionamentos de Marçal. Também lamentaram a fala da candidata Tabata Amaral (PSB) sobre a denúncia de violência doméstica, ameaça e injúria que recai sobre o prefeito feita por sua esposa, Regina Carnovale Nunes. Hoje, ela nega que tenha feito as acusações.
No entanto, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do estado de Paulo, “o caso em questão foi registrado pela 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em fevereiro de 2011. Na ocasião, a vítima compareceu na unidade especializada para comunicar os fatos, e a ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Embu Guaçu, responsável pela área dos fatos”.
Outra denúncia também recaiu sobre Nunes, desta vez feita pelo candidato José Luiz Datena (PSDB). O apresentador de TV falou sobre o aumento dos preços nos serviços funerários após a privatização na cidade. Como já mostrou reportagem do Brasil de Fato, depois de um ano de concessão à iniciativa privada, os valores aumentaram 11 vezes.
O candidato do PRTB, por sua vez, foi chamado de machista, “bandido”, “desrespeitoso” e “sem educação” e “picareta” depois que classificou a candidata Tabata Amaral (PSB) como “adolescentezinha” e “jornalistazinha militante”.
Nos bastidores, o candidato foi considerado o “Padre Kelmon” das eleições municipais em São Paulo, em referência ao candidato que disputou a Presidência em 2022 ao se exaltar e falar em tom ofensivo com outros candidatos. Apesar de poucas propostas factíveis com a realidade, o nome de Marçal foi o candidato mais citado na rede social X (ex-Twitter).
Na volta do último bloco, Marçal chegou a sugerir que Guilherme Boulos teria alguma relação com o consumo de drogas, mas sem trazer provas para o debate. Em resposta, o psolista chamou Marçal de “psicopata”. “Olhando ele falar, acho que estamos diante de um psicopata, porque ele mente e acredita na mentira. Não fica nem vermelho. Acho que você deveria buscar tratamento”, disse Boulos.
O candidato do Psol lembrou uma reportagem da Folha de S. Paulo desta quinta-feira (8) sobre um áudio em que o presidente do PRTB, Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, afirma ter relação com uma facção criminosa.
“Eu sou o cara que soltou o André [do Rap, líder da facção]. (…) A turma não sei se vai te contar isso. Esse é o meu trabalho, entendeu? A próxima, agora, a gente vai botar um lugar acima dele. Esse é o meu dia a dia. (…) Eu faço um trabalho bem discreto”, teria afirmado Avalanche no áudio. O político disse ao jornal não reconhecer sua própria voz no áudio, negou a veracidade da gravação e que tenha vínculo com facção criminosa.