Governo da Venezuela diz que sistema eleitoral sofreu 30 milhões de ataques hacker por minuto durante eleições

Brasil de Fato

O governo da Venezuela apresentou nesta segunda-feira (12) detalhes da ofensiva hacker sofrida pelo sistema eleitoral do país durante as eleições de 28 de julho. Segundo a ministra de Ciência e Tecnologia, Gabriela Jiménez, foram 30 milhões de ataques por minuto em média durante o dia 28. A apresentação foi feita durante reunião do Conselho de Segurança organizado pelo governo. 

Ainda de acordo com a ministra, 65% desses ataques foram de negação de serviço – ou DDoS. Essa é uma forma de congestionar o sistema com um volume muito grande de pedidos de acesso, forçando a sua queda. Ou seja, muitos computadores tentam, ao mesmo tempo, entrar num mesmo site, fazendo os mesmos pedidos, criando um fluxo insuportável para uma determinada página online.

Segundo o relatório do governo, foram atacadas 25 órgãos do governo nacional, além de outras 40 instituições, entre sites de estados, prefeituras, empresas privadas e de comunicação. O aumento neste fluxo já tinha sido identificado pela Netscout, plataforma estadunidense criada em 1984 que avalia o desempenho de páginas na internet. 

O site indica que houve um “aumento incomum” no número de ataques DDoS na Venezuela no dia das eleições, que se estenderam também no dia seguinte ao pleito. De acordo com a Netscout, o número de ataques por segundo foi 690 vezes maior em 28 de julho, se comparado ao dia anterior.

O governo afirma que 98% dos ataques partiram de uma mesma rede de computadores e apenas 2% foram de plataformas móveis – como celulares.  Segundo especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato, a origem dos ataques de DDoS são realmente possíveis de serem identificados, já que são feitos na internet. Para isso, é preciso rastrear o IP de onde foi feito o pedido. O IP é como um endereço que cada computador tem. 

A ministra afirmou que foi “sequestrado” o IP da empresa de telefonia venezuelana CanTV, responsável por fazer a transmissão dos dados das urnas para o sistema do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). “São alterados os IPs e quando os usuários tentam acessar links de sites com algum serviço, eles são redirecionados a um site completamente diferente e esse movimento colapsa os servidores de forma conjunta”, afirmou a ministra.

O governo estima que um ataque em grande escala como esse pode custar entre US$ 500 e US$ 5 mil (de R$ 2.746 a R$ 27.467) por hora. A ministra afirmou que, para isso, seria preciso um “grande potencial econômico e tecnológico”. 

“Temos um volume importante em número de ataques, financiamento significativo e diversidade de ataques contra instituições do Estado. Quem tem capacidade para fazer um ataque desse tamanho? Um Estado como Estados Unidos, que conta com agências como a NSA [Agência de Segurança Nacional], que tem um orçamento para ataques de alta magnitude”, afirmou.

Segundo o CNE, esses ataques atrasaram a divulgação dos resultados eleitorais e a publicação dos dados detalhados por mesa de votação. O presidente Nicolás Maduro pediu a investigação desse movimento depois da denúncia apresentada pelo CNE.

 

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O TSJ convocou todos os candidatos que disputaram as eleições para prestar depoimentos sobre o andamento do processo, além de representantes de partidos. Dos 38 convocados, 33 compareceram. Somente 5 ligados ao grupo de Edmundo González não foram. Segundo a presidente do TSJ, a ausência de representantes desse grupo e, principalmente do candidato, configura o descumprimento de ordem judicial. 

Por lei, o CNE tem 30 dias para divulgar os resultados detalhados da votação na Gazeta Eleitoral, que é uma espécie de Diário Oficial das eleições da Venezuela. Essa publicação ainda está dentro do prazo.

Oposição contesta

A oposição questiona os dados divulgados e afirma ter mais de 70% das atas e que isso garantiria a vitória de Edmundo González Urrutia. Antes mesmo da divulgação dos resultados, a ex-deputada ultraliberal María Corina Machado já havia dito que “González Urrutia teve 70% dos votos e Nicolás Maduro 30%”.

Outros países pedem a divulgação das atas eleitorais. Segundo a lei eleitoral venezuelana, o CNE tem a obrigação de publicar os resultados por mesa de votação, mas não precisa publicar todas as atas. O site do CNE é usado justamente para isso e conta historicamente com os resultados detalhados de todas as mesas de votação. 

Na última semana, González publicou uma nota nas redes sociais pedindo que militares do país “desobedeçam ordens”. No texto, o ex-embaixador se autoproclama “presidente eleito” da Venezuela e volta a afirmar, sem provas, que o presidente reeleito Nicolás Maduro não teve mais de 30% dos votos.

A movimentação da oposição levou a manifestações violentas que deixaram, segundo o governo 2.229 pessoas presas. Na reunião do Conselho de Segurança desta segunda-feira, o procurador-geral, Tarek William Saab, afirmou que há mais de 600 investigações criminais em curso sobre as denúncias de ações violentas.

Da Redação