Acusado de agredir ex-primeira-dama, Alberto Fernandez é isolado politicamente na Argentina
Brasil de Fato
A denúncia por violência de gênero com a divulgação na imprensa local de prints de conversas e fotos que mostram a ex-primeira-dama Fabiola Yañez com hematomas, resultou em uma onda de críticas públicas ao ex-presidente Alberto Fernández. As críticas vêm, inclusive, de seu reduto eleitoral na esquerda, provocando seu isolamento político.
Em entrevista ao site de notícias Infobae no sábado (10), Yáñez relatou as agressões que teria sofrido do ex-presidente.
Ex-jornalista e apresentadora de 43 anos que foi companheira de Fernández por quase dez anos. Ela o denunciou formalmente no dia 6 de agosto por violência física e psicológica durante uma audiência virtual com o juiz Julián Ercolini, que ordenou o reforço de custódia da mulher e proibiu o ex-presidente de deixar o país.
Na noite de quinta-feira (8), o site Infobae publicou imagens de Fabiola Yáñez com hematomas no braço e no rosto, além de conversas no celular que comprometem Fernández, que governou o país entre 2019 e 2023.
Alberto Fernández, 65 anos, nega a violência e promete “provas” de que “a verdade dos fatos é outra”. Em declarações ao jornalista Horacio Verbitsky, diretor do site argentino El Cohete a la Luna, Fernández chegou a afirmar que o olho roxo na foto publicada por Yáñez não seria resultado de um golpe, “mas de um tratamento contra rugas”.
Além de ser explorado pelo governo de extrema direita de Javier Milei, com declarações do presidente e do seu porta-voz, Manuel Ardoni, o episódio rendeu a Fernández duras críticas dentro da esquerda argentina.
Sua ex-vice-presidente, Cristina Kirchner, escreveu no X que, além de Fernández “não ter sido um bom presidente”, as imagens divulgadas revelam “os aspectos mais sórdidos e obscuros da condição humana”.
“Revelam a situação da mulher em qualquer relacionamento, seja ele em um palácio ou em uma cabana. A misoginia, o machismo e a hipocrisia, pilares sobre os quais se baseia a violência verbal ou física contra as mulheres, não têm bandeira partidária e permeiam a sociedade em todos os níveis”, escrevceu a ex-presidente da Argentina entre 2007 e 2015.
Kirchner não foi a única a criticar o mandatário. A dirigente juvenil feminista Ofelia Fernández o chamou de “psicopata” e, ao mesmo tempo, criticou aqueles que “nunca na vida acreditaram em uma mulher que denunciava e agora querem se aproveitar disso”.
Por sua vez, o dirigente social e pré-candidato presidencial em 2023, Juan Grabois, afirmou que espera “que todos os segredos sejam revelados” e convocou uma “purga” dentro do campo da centro-esquerda local.
Com AFP e Infobae