Com R$ 169 milhões declarados, Pablo Marçal tem 4 vezes mais patrimônio do que os candidatos progressistas nas capitais
Brasil de Fato
Os dez partidos progressistas da política brasileira registraram 78 candidaturas que disputarão as 26 capitais brasileiras. Somados, todos os candidatos declararam R$ 36,6 milhões em patrimônio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse valor representa apenas 21% dos R$ 169,5 milhões em bens apresentados por Pablo Marçal (PRTB), que disputará a prefeitura de São Paulo (SP).
O cientista político Paulo Niccoli Ramirez, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), explica que esses dados ajudam a compreender a luta de classes dentro da eleição.
“Isso mostra como muitas campanhas não são representativas. Quantos brasileiros são milionários? Uma minoria. Quem é o candidato mais discutido hoje nas redes sociais? Pablo Marçal. É uma exaltação da figura do Marçal, não de projetos e partidos. Isso fortalece os chamados outsiders da política, como João Doria [ex-governador de São Paulo] e Romeu Zema [ex-governador de Minas Gerais]”, diz Niccoli.
O Brasil de Fato considera que o bloco progressista seja formado pelos seguintes partidos: PT, Psol, PSTU, UP, PCO, PSB, PCB, PDT, Rede e PV. Nas eleições de 2024, o PCdoB, tradicional legenda da esquerda brasileira, não terá candidatos disputando a prefeitura das capitais.
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Entre os candidatos progressistas, o mais rico é o prefeito de Recife (PE), João Campos (PSB), que tentará a reeleição e que declarou R$ 2,6 milhões em patrimônio. Logo atrás estão Célio Lopes (PDT) e Samuel Costa (Rede), ambos candidatos à prefeitura de Porto Velho (RO); e João Coser (PT) e Lucia Viana (Psol), que tentarão se eleger em Vitória (ES) e Palmas (TO), respectivamente.
Por partido
Em números absolutos, as 13 candidaturas reunidas do PT somam o maior patrimônio declarado entre os partidos progressistas: são R$ 11,9 milhões. Dividido entre os candidatos, o valor médio é de R$ 915 mil. Com R$ 1,8 milhões de bens apresentados, Fábio Novo, candidato à prefeitura de Teresina (PI) é o petista mais rico.
Em seguida, aparece o Psol, com um total de R$ 6 milhões em patrimônio dos candidatos. O valor, dividido entre os 15 candidatos pessolistas, dá uma média de R$ 400 mil por pessoa. Lucia Viana, de Palmas (TO), é a candidata mais rica da legenda.
Com R$ 5,3 milhões em bens, o PSB aparece em terceiro. O valor médio, se partilhado entre os cinco candidatos do partido que tentarão se eleger à prefeitura de capitais, é de R$ 1,06 milhão. João Campos é o socialista com o maior valor declarado ao TSE.
As seis candidaturas do PDT nas capitais declararam R$ 5 milhões em patrimônio, média R$ 833 mil por candidato. Luiz Roberto (PDT), que tentará a eleição em Aracaju (SE), é o mais afortunado.
Os dois candidatos da Rede declararam R$ 2,7 milhões em patrimônio. Somente Samuel Costa (Rede), de Porto Velho (RO), declarou R$ 2,2 milhões. Somadas, as 15 candidaturas do PSTU afirmaram ao TSE possuir R$ 2,6 milhões em bens, média de R$ 173 mil por pessoa.
Dois candidatos do PSTU afirmaram não possuir patrimônio. O maior valor declarado por uma candidatura do partido foi de Wanderson Rocha (PSTU), que tentará se eleger em Belo Horizonte (MG), e apresentou R$ 372 mil em bens.
Todos os 11 candidatos da UP declararam ao TSE que possuem R$ 1,6 milhão em patrimônio. Quatro candidatos do partido afirmaram não possuir patrimônio. Jorge Batista (UP), que tentará se eleger à prefeitura de Campo Grande (MS), é quem apresentou o maior valor patrimonial: R$ 780 mil.
O PCO, assim como a UP, terá 11 candidaturas disputando a prefeitura das capitais brasileiras. Desses, oito declararam não possuir patrimônio. Os outros três candidatos somam R$ 557 mil em bens.
Chico Malta (PCB), candidatura solitária dos comunistas, que tentará se eleger prefeito de Fortaleza (CE) declarou possuir um patrimônio de R$ 540 mil. Mauro Nakashima, único candidato do PV, apresentou R$ 67 mil em bens.