Movimentos populares latino-americanos emitem nota em apoio à reeleição de Nicolás Maduro
Brasil de Fato
Movimentos populares latino-americanos divulgaram uma nota nesta segunda-feira (19) apoiando a reeleição do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para um terceiro mandato. A Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América -Tratado Comércio dos Povos (Alba-TCP) assinou o texto que pede o respeito ao resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
No documento, as organizações elencam seis pontos que explicam o posicionamento referente ao pleito. Primeiro, os grupos afirmam que é preciso “respeitar o voto e a Constituição” e que isso tem de ser cumprido pelos atores envolvidos. A oposição contestou a eleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato. O grupo liderado pela ultraliberal María Corina Machado questiona o resultado e diz ter recolhido a cópia de 70% das atas eleitorais do país. O resultado, segundo a extrema direita, garantiria a vitória de Edmundo González Urrutia.
O segundo ponto é um pedido para que “a elite que governa os Estados Unidos” deixe de se intrometer nas questões internas da Venezuela. O texto cita o bilionário dono da Tesla e do X (antigo Twitter), Elon Musk, que desde a campanha presidencial, mas principalmente após os resultados, tem apoiado o candidato da oposição Edmundo González Urrutia e o setor de extrema direita.
As organizações pedem também que os presidentes Lula (Brasil) e Gustavo Petro (Colômbia) sejam “ao menos anti-imperialistas”. Os dois sugeriram a realização de novas eleições na Venezuela em meio à contestação da oposição e pediram um diálogo amplo no país.
No texto, os movimentos falam também sobre a extrema direita venezuelana, que “promove o ódio e a violência” no país. “Basta, acabaram as eleições e vocês perderam, se preparem para as próximas eleições”, afirma o documento. No dia seguinte ao pleito (29), o grupo organizou manifestações violentas em todo o país que perderam força ao longo dos dias seguintes.
O quinto ponto é uma mensagem aos venezuelanos que votaram na extrema direita. “Vocês que vivem do seu trabalho e não de explorar a ninguém, saibam que uma coisa é estar cansado e irritado com o governo e outra é apoiar os EUA e a oligarquia nacional.” O texto afirma também que o “ódio só trouxe problemas e a desunião só trará danos”.
O último aspecto citado é um chamado para que as pessoas façam um esforço para compreender “o processo revolucionário venezuelano” e evitar cair na narrativa dos grandes conglomerados de mídia.
Processo judicializado
O processo eleitoral venezuelano está sob disputa judicial. A oposição contestou a eleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato.
Isso, somado a denúncia de ataque hacker pelo CNE, levou Maduro a pedir uma investigação pela Justiça. O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) investiga os supostos ataques, recolheu todo o material eleitoral do órgão e ouviu nove dos dez candidatos que disputaram o pleito. Só o opositor Edmundo González Urrutia não compareceu.
Os principais opositores de Maduro divulgaram em dois sites uma suposta lista das atas eleitorais. Em um deles, o usuário digitava o seu documento de identidade e aparecia supostamente a ata eleitoral da mesa que aquele usuário votou. No outro, havia um compilado com os dados de todas as atas que a oposição afirmava ter.
Mas eles não publicaram a relação completa das atas na Justiça venezuelana e nem entraram com processo pedindo a revisão ou a impugnação dos resultados eleitorais. Corina disse que seu candidato, Edmundo González, ganhou o pleito por larga margem, 70% a 30% de Maduro.
Depois do processo movido por Maduro, a Justiça convocou todos os candidatos para prestarem esclarecimento sobre as eleições do país. Edmundo González Urrutia não se apresentou ao TSJ e enviou como representante o governador de Zulia, Manuel Rosales. Em discurso depois da seção, Rosales disse que a oposição “não precisa entregar nada” e exigiu a entrega das atas eleitorais pelo CNE.
Nesse meio tempo, o candidato derrotado nas eleições publicou nota nas redes sociais pedindo que militares do país “desobedeçam ordens” e “respeitem o resultado das eleições”. No texto, Edmundo González autoproclama presidente da Venezuela.