Campanha de Boulos aposta em fator Lula e vê desvantagem para Marçal com início da propaganda de TV
Brasil de Fato
A campanha de Guilherme Boulos (Psol), candidato à prefeitura de São Paulo, aposta no apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ascender nas intenções de voto diante do crescimento do adversário Pablo Marçal (PRTB) confirmado pelas últimas pesquisas.
O psolista aparece à frente nas intenções de voto, com 22%, conforme a última pesquisa Quaest, divulgada quarta-feira (28), com um crescimento de 3% em relação ao levantamento anterior. Apesar da oscilação positiva, o índice coloca Boulos, Marçal (19%) e Ricardo Nunes (MDB) (19%) em condição de empate técnico, uma vez que a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
A exemplo do que mostrou a última pesquisa Datafolha, divulgada em 22 de agosto, o crescimento de Marçal foi de 7% em comparação com levantamentos anteriores dos respectivos institutos divulgados antes do início da campanha eleitoral.
Segundo Paula Coradi, presidente nacional do Psol, o crescimento de Marçal foi previsto e considerado pela campanha desde o planejamento, principalmente após a entrada do coach nos debates, o que deu mais visibilidade para sua candidatura. Outro integrante da equipe de Boulos, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), acredita que a propaganda em rádio e TV, que começa nesta sexta-feira (30), deve ter impacto nas próximas pesquisas, com cenário menos vantajoso para o candidato da extrema direita.
“A gente imaginava que ele teria um crescimento por conta até mesmo do próprio debate, de ter aparecido na TV, de ter começado a campanha. Por conta disso, a gente achava que teria um crescimento devido essa aparição, de se apresentar como candidato, algo que não estava no radar de quase ninguém nos meses da pré-campanha. Então era esperado que ele cresceria”, disse Coradi ao Brasil de Fato.
Ainda assim, as estratégias de campanha de Boulos se mantêm as mesmas, com foco na conversão de votos do eleitorado de Lula. “Nós estamos em primeiro lugar. Isso é muito positivo. A gente sabia que as eleições em São Paulo seriam muito polarizadas. Nós continuamos muito confiantes. Temos o presidente Lula do nosso lado”, afirma Coradi.
“A gente está muito confiante, especialmente no próprio engajamento do Lula na campanha. A gente acha que é muito importante tê-lo conosco para dar o ar que o Brasil precisa ser reconstruído e que a gente vai construindo essa vitória, assim como nós construímos em 2022, contrapondo o autoritarismo com mais democracia, tolerância e afeto”, completa a presidente nacional do Psol.
A aposta de Orlando Silva na propaganda eleitoral de rádio e televisão se justifica pelo tempo maior de exposição. Em suas palavras, as campanhas terão dois momentos “importantes” nos próximos dias: o dia 30 de agosto, quando começa a propaganda de TV, e as manifestações de 7 de Setembro. “O prefeito [Ricardo Nunes] vai ao 7 de Setembro contra o Supremo, contra a democracia O Marçal vai? Isso vai ser aceito pelas autoridades?”, questiona o deputado federal.
O tempo de televisão leva em consideração a proporção de parlamentares de cada coligação no Congresso Nacional. Ricardo Nunes tem a propaganda de televisão com maior duração, de 6 minutos e 30 segundos, já que sua coligação tem 329 representantes. Em seguida, Boulos terá 2 minutos e 22 segundos, com uma coligação de 112 parlamentares. O apresentador José Luiz Datena (PSDB) terá 35 segundos, e Tabata Amaral (PSB), 30 segundos.
Os demais candidatos, Pablo Marçal (PRTB), Marina Helena (Novo), João Pimenta (PCO), Bebetto Haddad (DC), Ricardo Senese (UP) e Altino Prazeres (PSTU), não terão tempo de propaganda na televisão devido ao desempenho de seus partidos nas eleições de 2022.
“Na minha percepção, inclusive, o prefeito [Ricardo Nunes] ainda é o favorito a chegar ao segundo turno, porque tem uma coligação muito grande, vai ter um tempo de televisão brutal, gigantesco”, afirma Orlando Silva.
A campanha de Boulos trabalha com o cenário de um segundo turno tendo o psolista no campo da esquerda, de um lado, e um integrante da direita, do outro. “Eu acho que ninguém pode escolher adversário. Temos que nos preparar para a hipótese do Nunes, para a hipótese do Marçal. Preparar para vencer nos dois casos”, finaliza.