Governo britânico suspende exportação de armas para Israel por ‘risco claro’ de violação humanitária
Brasil de Fato
O governo britânico anunciou, nesta segunda-feira (2), que suspenderá 30 das 350 licenças de exportação de armas para Israel. A justificativa para a suspensão foi o “risco claro” de que possam ser usadas em violações do direito humanitário internacional.
A suspensão foi anunciada pelo ministro das Relações Exteriores, David Lammy, e inclui componentes para diversos tipos de aeronaves militares, incluindo aviões de combate, helicópteros e drones. “Diante de um conflito como este, o governo tem o dever legal de rever as licenças de exportação”, afirmou Lammy. A decisão do governo britânico, no entanto, não inclui peças para os caças F-35, decisão criticada por grupos defensores dos direitos humanos.
De acordo com os critérios britânicos de exportação de armas, o governo é obrigado a suspender as licenças de exportação se determinar que existe um risco claro de que as armas britânicas possam ser utilizadas em violações graves do direito humanitário internacional.
O governo trabalhista britânico apelou repetidamente a um cessar-fogo na guerra entre Israel e o Hamas desde que assumiu o poder. O ministro também havia anunciado que seu governo revisaria as vendas de armas pouco depois dos trabalhistas chegarem ao poder, após uma vitória esmagadora nas eleições gerais, em 5 de julho.
Embora as exportações britânicas para Israel sejam muito inferiores às de outros países como os Estados Unidos e a Alemanha, esta decisão constitui um golpe diplomático para o governo de Benjamin Netanyahu, pois a medida marca o aumento da pressão sobre Israel por parte de seus aliados ocidentais.
“Muito limitada”
Líderes de diversos grupos de defesa dos direitos humanos se pronunciaram diante da suspensão apenas parcial de exportação de armas militares do governo britânico.
“A suspensão das licenças de exportação demorou muito tempo e não foi o suficiente”, declarou Yasmine Ahmed, diretora da Human Rights Watch no Reino Unido.
“O fato do governo do Reino Unido ter optado por isentar os componentes do F-35, um cavalo-de-batalha da brutal campanha de bombardeamento de Israel, mostra ou uma má interpretação da lei, ou um desrespeito deliberado”, acrescentou Yasmine.
Sacha Deshmukh, diretor do Reino Unido da Anistia Internacional, também reagiu à decisão do governo britânico: “Embora esta decisão pareça demonstrar que o Reino Unido finalmente aceitou as provas muito claras e preocupantes de crimes de guerra em Gaza, infelizmente ela é muito limitada e está cheia de fissuras”.
Alguns comentaristas sugeriram, no entanto, que o Partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer, um ex-advogado de direitos humanos, poderia assumir uma posição mais dura a longo prazo em relação a Israel e à forma como conduz as suas operações militares.
Greve geral
Uma greve geral, com objetivo de pressionar o governo de Benjamin Netanyahu a um acordo de cessar-fogo em Gaza, se instalou em Israel, ainda nesta segunda-feira.
O sindicato Histadrut convocou a paralisação depois que o Exército anunciou, no domingo (1º), que encontrou os corpos de seis reféns assassinados no território palestino.
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, afirmou que Netanyahu não está fazendo o suficiente para obter um acordo.
O massacre de Israel contra a população palestina já deixou 40.786 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007.
*Com AFP e Monitor do Oriente Médio