Novo atentado a Trump coloca em xeque serviço de inteligência, mas não afeta eleições nos EUA, diz especialista
Brasil de Fato
A nova tentativa de assassinato contra o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, será investigada “com todos os recursos possíveis”, anunciou nesta segunda-feira (16) o procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland. Apontado como atirador responsável pelo ataque a Trump no domingo (15), Ryan Wesley Routh, 58, foi preso acusado de porte ilegal de arma.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu, nesta segunda (16), “mais ajuda” ao Serviço Secreto, a polícia de elite encarregada de proteger figuras políticas, que necessita de “mais pessoal”. “A principal prioridade é ter respostas para compreender como o presidente Trump pode ter sofrido várias tentativas de assassinato”, comentou o líder republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, aliado do magnata, na rede social X.
Trump “não é o presidente em exercício, se fosse, teríamos cercado completamente o campo de golfe (onde esteva no domingo), mas, como não é, o sistema de segurança está limitado aos locais escolhidos pelo Serviço Secreto”, que “fez exatamente o que tinha que fazer”, declarou o xerife do condado de Palm Beach (Flórida), Ric Bradshaw.
Para Williams Gonçalves, professor do departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o atentado gera questionamentos em relação ao serviço de inteligência dos Estados Unidos e à equipe encarregada de proteger o candidato, mas não deve provocar modificações na disputa eleitoral à presidência do país.
“Embora isso tenha uma certa importância do ponto de vista da segurança do Estado, penso que esse suposto atentado não vai causar nenhuma mudança no comportamento do eleitorado. Não acredito que isso promova mudança nas tendências de voto”, disse ao Brasil de Fato.
Para Gonçalves, o novo ataque à integridade física de Trump não terá o mesmo impacto do atentato anterior, em julho deste ano, que “realmente causou muita apreensão”. “Causou impacto que favoreceu a posição de Donald Trump na campanha eleitoral, porque a ideia de que um candidato deve ser eliminado significa que ele ameaça de fato sair vitorioso e que o país está dividido.”
O especialista aponta que a mudança na campanha democrata, com a troca da candidatura do presidente Joe Biden por sua vice, Kamala Harris, porém, anulou o efeito político daquele primeiro atentato na corrida eleitoral, cenário que deve se manter daqui para frente.
“Essa entrada em cena da Kamala Harris acabou roubando o impacto do atentado. Deixou de ser assunto. Toda a atenção da mídia se voltou para o processo de indicação de Harris e o que ela prometia caso fosse eleita. Portanto, o impacto midiático do primeiro atentado se esvaziou e creio que, embora isso possa causar apreensão, não vai causar nenhuma mudança eleitoral.”
*Com AFP