Debate do SBT tem foco no embate entre Nunes e Boulos, Marçal mais cauteloso e dobradinhas
Brasil de Fato
Enquanto os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, e Guilherme Boulos (Psol), protagonizaram um embate direto no debate desta sexta-feira (20), Pablo Marçal (PRTB) ficou de escanteio nas perguntas entre candidatos, e disse ter mudado de postura.
Já na primeira rodada de perguntas do encontro promovido em parceria entre SBT, Terra e Rádio Nova Brasil, ninguém escolheu fazer perguntas para o ex-coach. Ele respondeu à pergunta de Tabata Amaral sobre o programa “Pé de Meia”, do governo federal, necessariamente porque era o único candidato que ainda não tinha sido escolhido.
Marçal também mudou o tom em relação aos últimos debates e, como resposta à pergunta de Tabata, parabenizou o programa da gestão Lula (PT) de incentivo financeiro para estudantes matriculados no ensino médio público.
Na réplica, Tabata Amaral chegou a comparar Marçal aos jogos de azar online, sendo o mais conhecido o “Tigrinho”. Ainda assim, o ex-coach não subiu o tom e disse que mostrará a sua “melhor versão” a partir de agora.
“Peço perdão para todo o eleitor paulistano, até então a minha tentativa era expor o perfil de cada um dos candidatos. Não adianta ouvir proposta de 10 candidatos, se não são viáveis emocionalmente. As pessoas querem saber a sua pior versão e a melhor. A pior eu já mostrei. A melhor eu vou mostrar agora”, disse Marçal no primeiro bloco.
Antes de entrar para o debate, à imprensa, Marçal falou que o debate seria o melhor já feito até então. “Vai ser o melhor debate da história. O jogo vai mudar a partir de hoje. Todo o eleitorado paulistano sabe quem é desequilibrado. Eu estou começando a campanha hoje. É a reta final”, disse Marçal.
Nunes x Boulos
Paralelamente, Nunes e Boulos protagonizaram os principais embates ao longo do debate. Ambos disputam a liderança nas pesquisas de intenções de voto à Prefeitura de São Paulo. A pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (19), mantém Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol) empatados tecnicamente, com 27% e 26% na liderança. No último levantamento, divulgado em 12 de setembro, Nunes tinha 27% e Boulos 25%.
Em sua primeira participação, Nunes escolheu Boulos para responder sobre meio ambiente. O candidato do Psol atacou a gestão do atual prefeito. “Infelizmente, a nossa cidade, no seu governo, Ricardo Nunes, parou no tempo, não avançou. Enquanto as grandes cidades do mundo estão eletrificando a frota de ônibus, o seu governo eletrificou só 70 ônibus, dos mais de dois mil prometidos.”
Em resposta, Nunes afirmou que Boulos está “desinformado”. “Nós estamos fazendo muita coisa. A área de cobertura vegetal que era 48%, hoje é 54%. Nós temos hoje 15% de área de mata pública, portanto serão 26% do território de nossa cidade de área pública”, respondeu Nunes.
Na tréplica, o candidato do Psol disse que os paulistanos devem “se surpreender” ao comparar as propagandas de Nunes e o que veem nas ruas da cidade. “As pessoas devem se surpreender com a propaganda de Nunes ao saírem nas ruas e virem a cidade. Até outro dia, um dos secretários dele era alguém negacionista do aquecimento global. Aí vocês veem as pessoas esperando oito horas para ser atendido numa UPA. Não iniciou e nem entregou nenhum hospital”, concluiu Boulos.
Em outro momento, o candidato afirmou que o atual prefeito tem uma “postura” que “varia de acordo com a eleição”. “Vai chegando perto da eleição, defende uma coisa, mas ficou à frente da Prefeitura e não fez. Só agora começou e inaugurou obras, ainda sem planejamento. Esses dias eu vi dizendo que ele errou ao defender a vacinação obrigatória”, disse Boulos em referência a uma declaração de Nunes durante uma agenda de campanha nesta quinta-feira (20).
“Se fosse hoje, eu não teria feito o passaporte da vacina”, disse o emedebista sobre a medida que exigia o comprovante de vacinação contra a covid-19 para a entrada em eventos realizados na cidade. Agora, Nunes disse que as correções são “sempre” necessárias.
Dobradinhas e propostas
O encontro também foi marcado por dobradinhas entre os candidatos, o que, de certa maneira, contribuiu para a apresentação de propostas.
Uma delas entre José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB), que ensaiaram uma aliança, com o tucano na condição de vice, antes das eleições deste ano. Datena perguntou a Tabata sobre Saúde, criticando a gestão de Nunes.
“Estão trazendo aqui lorotas e falação bonitinha. O Datena tem razão quando diz que a corrupção tira dinheiro das pessoas. Máfia das creches e a Educação cai de qualidade, PCC no transporte pública e cai a qualidade de serviço nos ônibus… Uma das propostas que trago é o Saúde na Escola”. “Eu acho ótima a sua ideia, como boa parte de suas ideias”, respondeu Datena.
Em outro momento, Boulos e Tabata Amaral também tiveram uma troca de perguntas e respostas amigável. O psolista questionou a candidata sobre saúde mental. “Não é culpa da pessoa. Não é falta de fé. É uma doença. São Paulo tem 1.300 psicólogos para 12 milhões de pessoas. Todo posto tem de ter uma equipe de saúde mental, assim como toda escola. Mães atípicas precisam de apoio psicológico, por isso que eu vou criar o ‘”Rampa’, a Rede de Apoio à Mãe Atípica Paulistana”, disse Tabata.
Em resposta, Marçal destacou que se formou em psicologia clínica e, por isso, sabe a importância que tem a saúde mental. “Traficante é caso de polícia. Usuário tem que ser tratado. É isso que eu vou fazer ampliando os CAPs [Centros de Atenção Psicossocial] da cidade de São Paulo, colocando também psicólogos em todas as escolas”, disse.
Marçal também protagonizou uma dobradinha com Marina Helena (Novo), que se situa no mesmo espectro ideológico de Marçal e que tomou para si uma elevação do tom, chamando Boulos de “marginal” e “invasor de casa”. A candidata também chamou o debate de “circo”.
No último bloco, Marçal chegou a não fazer perguntas para a Marina Helena sobre uso de dinheiro público em campanhas. Eu defendo mais dinheiro no seu bolso, e menos no Estado parasita. A gente precisa acabar com as emendas, parar de gastar quase metade daquilo que a gente ganha para ir para o Estado, que não oferece nem segurança para a população”, disse Helena.