Brasil pode dar para asilo político de ex-vice-presidente do Equador, sugere cientista política
Brasil de Fato
O Brasil pode ter um papel decisivo para a libertação e a garantia de asilo político a Jorge Glas, vice-presidente do Equador durante o governo de Rafael Correa. A opinião é da cientista politica equatoriana Irene León.
“O governo do México se pronunciou e o Comitê Internacional de Defesa de Jorge Glas está propondo que o Equador, diante da situação tensa de relações diplomáticas gerada com o México, não quer ou não consegue resolver, negocie então com um terceiro país”, disse León ao Brasil de Fato.
A prisão de Glas pelo governo equatoriano de Danie Noboa após a invasão da embaixada mexicana no país, gerou uma profunda crise diplomática entre os países. O Movimento Revolução Cidadã e organizações de direitos humanos no país, buscam garantir o direito de Glas ao asilo político concedido pelo México.
Diante desse cenário, aponta Irene León, o Brasil foi citado como “possibilidade importantíssima”, que “poderia oferecer uma resposta a essa situação de direitos e também humanitária que salvaria a vida de Jorge Glas, que está em uma situação muito delicada.”
A cientista política considera que o Equador vive hoje, sob o governo de Daniel Noboa, um “golpe brando”, experimento que, se concretizado, “pode representar um grande perigo para toda a América Latina”
“O Equador vive um processo realmente muito único para a região da América Latina, já que, após um processo de dez anos de Revolução Cidadã, houve uma espécie de golpe contra esse processo. Embora esse modelo constitucional continue em vigor, estamos vivendo a investida de um capitalismo, de um modelo neoliberal, já de início muito forte e potente”, disse.
Ela aponta que o atual governo promove uma “perseguição política brutal” contra os opositores, o que fez com que a maior parte das lideranças políticas tivessem que se exilar em outros países – caso do ex-presidente Rafael Correa, hoje exilado na Bélgica. Um dos atos de maior hostilidade do atual governo foi justamente a prisão de Jorge Glas.
“Qem ficou no país, como é o caso do ex vice-presidente Jorge Glas, está sofrendo uma espécie de martírio, uma perseguição que desconsidera os direitos humanos e até o direito internacional. Esse exemplo do Equador mostra como, em todos os nossos países, o retorno de todos esses projetos da direita, neoliberais, do capitalismo do século 21, ou como quiser chamá-los, acontece de maneira forçada.”