Acusações de elo de prefeito com crime organizado não devem influenciar eleição em João Pessoa neste momento, diz analista
Brasil de Fato
A última pesquisa Quaest sobre a disputa pela prefeitura de João Pessoa (PB) demonstrou que as denúncias de adversários contra Cícero Lucena (PP) pouco influenciaram as intenções de voto do eleitor. No levantamento, divulgado em 17 de setembro, o atual prefeito da capital paraibana aparecia com 49%, tendo recuado pouco mais que a margem de erro de 3% em relação à última pesquisa do mesmo instituto. Em agosto, ele tinha 53%.
O atual prefeito é seguido por Ruy Carneiro (Podemos), com 14%; Luciano Cartaxo (PT), com 11%; e Marcelo Queiroga (PL), com 11%, os três empatados na margem de erro.
“É uma vantagem extremamente considerável, mais de 35 pontos. É preciso aguardar o processo eleitoral e a abertura das urnas para sabermos se ela se comprova”, analisa o cientista político Luciano Nascimento Silva, que também é professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele comentou o processo eleitoral na cidade durante o jornal Central do Brasil.
O último levantamento da Quaest ouviu eleitores entre 14 e 16 de setembro, dias depois dos partidos dos adversários Ruy Carneiro (Podemos), Luciano Cartaxo (PT) e Marcelo Queiroga (PL) acusarem Lucena de envolvimento com o crime organizado. Os três travam disputa acirrada para chegar ao segundo turno com Lucena, segundo a pesquisa.
Os candidatos afirmam que estariam sendo impedidos de fazer campanha em bairros de periferia dominados por facções. No entanto, enquanto não houver novidades na investigação das denúncias, é difícil imaginar qual será a reação do eleitorado diante do caso, pontua o especialista.
“Os procedimentos de investigação criminal pelas autoridades do Estado têm conduzido à ideia de uma suposta conexão entre a política e um modelo de criminalidade organizada na realidade paraibana. Cabe às autoridades explicarem e demonstrarem se há realmente essa conexão, [que] já se reproduziu em outras realidades”, explica.
“O que demonstra a ideia de impacto ou de implicação é o resultado da investigação aparecer antes ou depois do resultado da eleição. Aí sim, se ficar comprovada essa conexão depois da eleição, terá um impacto. Se comprovada antes, terá um outro impacto seguramente. Mas não podemos anunciar qual é esse impacto. Não há elementos, não há dados, não há comprovações para dizermos: ‘olha o eleitor vai reagir de tal forma’.”
Na última semana, a Polícia Federal indicou que a secretária-executiva de Saúde de João Pessoa, Janine Lucena, trocou mensagens com um chefe de facção criminosa. Janine é filha do prefeito Cícero e a defesa dela afirmou não reconhecer as mensagens. O candidato à reeleição também nega as acusações e diz que os adversários querem manchar sua imagem.
Pelo menos duas novas pesquisas sobre a disputa na cidade são aguardadas nesta semana. Na quarta-feira (25), está previsto levantamento do Real Time Big Data, e na sexta (27), do Instituto Veritá.
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta segunda-feira (23) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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