Segundo turno em São Paulo deve ser decidido pela rejeição aos candidatos
Brasil de Fato
Após um período eleitoral em que os três candidatos mais bem colocados – Guilherme Boulos (Psol), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) – mantiveram um empate triplo nas pesquisas, o segundo turno pela prefeitura de São Paulo deve ser decidida pela rejeição. Essa é a opinião do cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Cláudio Couto. A análise foi feita na live de cobertura do primeiro turno das eleições municipais de 2024 do Brasil de Fato.
“A rejeição do Boulos é alta, mas é de 38%, ou seja, ela é 15 pontos percentuais abaixo da rejeição do Marçal. A do Nunes, por sua vez, é de 23%, 15 pontos atrás da rejeição do Boulos. Por isso seria tão difícil para o Boulos disputar com o Nunes. O cenário se transforma a depender do nível de rejeição dos candidatos que forem para o segundo turno”, acredita.
Por isso, ele acredita que Marçal não tem chance de vencer a disputa na capital paulista. “Eu acho muito difícil ele ganhar essa eleição no segundo turno, porque ele tem uma rejeição proibitiva, de 53% se a gente pegar o Datafolha. Não creio que haja espaço para uma redução significativa nas próximas três semanas”, diz.
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Para Camila Rocha, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), no entanto, mesmo com a rejeição alta existe uma possibilidade de vitória de Marçal. “Não necessariamente a rejeição dele vai cair, mas o que pode acontecer é as pessoas pensarem ‘bom, agora é o segundo turno’ e a escolha e ter o Marçal ou o Boulos como prefeito, e sabemos que a rejeição do Boulos também é muito grande, principalmente se a gente pensar na votação do Nunes ou do Datena. Quem essas pessoas vão preferir?”
“O que podemos observar é que depois de uma certa queda – em alguns institutos – parece que o Marçal está numa curva ascendente. É realmente um candidato muito competitivo, a despeito de tudo o que aconteceu, a despeito desse teor bélico”, diz a analista.
Couto vê, ainda, uma disputa dentro da extrema direita que pode ter repercussões nacionais. “Não à toa que o Tarcísio ficou tão aflito com a candidatura do Marçal porque, com o Bolsonaro inelegível, o Tarcísio era o nome mais cotado para ser o substituto dele”, diz.
Na visão de Couto, no entanto, é improvável que Marçal siga elegível até 2026. “Acho que há essa disputa intestina na extrema direita, e aí essa disputa pode sim ter feitos para 2026, a saber de quem chegaria lá como uma liderança para disputar a presidência. Mas acho muito pouco provável que o Marçal consiga chegar lá por conta dos problemas com a Justiça”, diz.
Para Camila Rocha, não é possível dar como certa a cassação de Marçal. “Uma vez no segundo turno, e a princípio com uma popularidade crescente, vai ser muito complicado cassar essa candidatura, ainda mais com todos os elementos do cenário nacional, como a proibição do X [antigo Twitter] pelo Alexandre de Moraes”.