No dia do trabalho decente, documentário denuncia adoecimento de operários na indústria das pedras
Brasil de Fato
A Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM) lançou, nesta segunda-feira (7), um documentário sobre uma doença pulmonar causada pelo trabalho na indústria de pedras no Brasil. O filme Abaixo da Superfície: Morte silenciosa na indústria de pedras retrata a situação de trabalhadores do Espírito Santo. Ele está no YouTube.
O lançamento ocorre no mesmo dia em que é comemorado o Dia do Trabalho Decente.
A doença retratada no filme é a silicose, uma enfermidade pulmonar crônica causada pela inalação de poeira de sílica, presente em abundância nas pedreiras. A silicose causa inflamação nos pulmões, aumentando o risco de outras enfermidades graves como tuberculose, câncer e doenças autoimunes.
O documentário da ICM teve acesso a relatos de ex-operadores, médicos e sindicalistas. Trabalhadores retratam um cenário de sofrimento e desespero, com cansaço excessivo e dificuldade constante para respirar. Muitos dizem ter descoberto a doença quando as sequelas já eram irreversíveis.
A falta de informação e a negligência das empresas são apontadas como os principais responsáveis pelo problema.
O documentário também denuncia a falta de fiscalização e o desrespeito às normas de segurança. Exames médicos são falsificados, equipamentos de proteção individual não são fornecidos e os trabalhadores são expostos a condições de trabalho precárias.
Dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) do Espírito Santo revelam que, de 2012 a 2019, o setor de mármore e granito foi responsável pela atividade econômica mais letal no estado, por número de notificações de óbitos por acidente e doenças relacionadas ao trabalho.
Fernando Silva Vieira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Extrações, Beneficiamento e Comércio de Mármore, Granitos e Calcário do Estado do Espírito Santo (Sindimármore), diz que “muitos granitos que são levados do Brasil para o exterior estão com o sangue do trabalhador”.
O Sindimármore atuou com a ICM na produção do documentário. A ICM é uma federação sindical global que agrupa 351 sindicatos nos setores de construção, madeira, silvicultura e outros, representando cerca de 12 milhões de membros em 117 países.