Com apoio de Yves e Raquel Lyra, Ramos Santana larga com vantagem contra Júnior Matuto no 2º turno de Paulista (PE)

Brasil de Fato

Na disputa eleitoral de Paulista (PE), na região metropolitana do Recife, teremos 2º turno entre Ramos Santana (PSDB) e o ex-prefeito Junior Matuto (PSB). A votação do 2º turno acontece daqui a três semanas, no domingo dia 27 de outubro. A campanha colocará em palanques opostos a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), disputando zonas de influência visando a eleição para o Governo do Estado, em 2026.

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Ramos (PSDB) foi vereador do Recife por dois mandatos e chegou a se eleger deputado estadual em 2010. Mas ele acumula derrotas nos últimos 10 anos: perdeu para deputado estadual em 2014, 2018 e 2022, além de ter perdido para prefeito do Paulista em 2016 e 2020, sempre ficando pelo caminho no 1º turno. Suas votações foram decadentes eleição após eleição, mas neste 6 de outubro Ramos teve a maior votação da sua vida: 74,1 mil votos (44,3% dos votos válidos em Paulista).

Para entender esse fenômeno, é importante notar que ele teve a seu favor a governadora Raquel Lyra (PSDB), com o poder de influência e articulação relativo ao cargo. E, mais discretamente, Ramos ganhou o apoio do prefeito Yves Ribeiro (PT), que está em baixa com a população e sequer quis tentar a reeleição.

O partido de Yves, o PT, foi pego de surpresa na última semana das convenções partidárias. A sigla acabou aderindo à chapa de Francisco Padilha (PDT), inclusive indicando sua vice. Mas, pensando no seu futuro, Yves correu para se reunir com a governadora Raquel Lyra, que pediu que o prefeito do Paulista “fortalecesse” a campanha do tucano. Ramos Santana chega ao 2º turno precisando ampliar em menos de 10 mil votos para conquistar a prefeitura da 6ª maior cidade de Pernambuco.

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O adversário de Ramos será Junior Matuto (PSB), deputado estadual recém-empossado (após a morte de José Patriota). Matuto já foi prefeito do Paulista por dois mandatos (2013-2020), sendo afastado do cargo pela Justiça meses antes de concluir mandato. Investigações da Polícia Civil levantaram suspeitas de lavagem de dinheiro e peculato envolvendo o contrato de recolhimento de lixo no município.

Alvo de operações policiais midiáticas, Matuto acabou afastado do cargo pelo TJPE, posição reafirmada pelo ministro Luiz Fux, do STF. Mas em 2022 o Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE) arquivou o processo, afirmando que não havia informações suficientes no processo para tais acusações. Na luta por limpar sua imagem, Matuto obteve 51,2 mil votos (30,6%) e enfrentará um adversário que já encarou em 2016.

Derrotados

Em 3º lugar ficou a candidata Lívia Álvaro (PP), que teve 9,4% dos votos válidos (15,8 mil); seguida do vereador e candidato bolsonarista Edson Pinto, o “Edinho” (PL), que recebeu 9,2% dos votos válidos (15,3 mil).

Em 5º lugar – e talvez a maior “surpresa” negativa desta eleição no Paulista – ficou Francisco Padilha (PDT), com 4% (6,7 mil). O número corresponde a cerca de um décimo dos 62 mil votos (42,5%) que Padilha recebeu no 2º turno de 2020, quando foi derrotado por Yves (eleito pelo MDB). Em 6º lugar ficou Souza Vigilante (Mobiliza), com 2,2% (3,6 mil votos) e em 7º o candidato Maurício Feitosa (PRTB), com 209 votos (0,1%).

Em Pernambuco há seis municípios com mais de 200 mil eleitores, onde poderia haver 2º turno. Mas apenas em Olinda e no Paulista teremos votação no dia 27 de outubro. No Recife, em Jaboatão, Caruaru e Petrolina, a disputa foi liquidada no 1º turno, com a população reelegendo, respectivamente, os prefeitos João Campos (PSB), Mano Medeiros (PL), Rodrigo Pinheiro (PSDB) e Simão Durando (União Brasil).

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Vereadores

A Câmara de vereadores do Paulista tem 15 cadeiras. No quadriênio 2025-28, a maior bancada será a do PSB, que conquistou quatro cadeiras (26,6%). Os eleitos foram João Pereira, Fabiano Paz, Nilson da Irmã Iolanda e Robertinho.

Em 2º lugar ficou a chapa da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), que somaram três eleitos. São eles: Raul Silva (PCdoB), o mais votado da cidade; César Júnior “Alemão” (PCdoB) e o engenheiro civil George Freitas (PT).

Em 2020, o PT elegeu Flávia Hellen, a única vereadora do partido no Paulista. Mas ela e o presidente municipal do partido, Nikson Monteiro, não se relacionavam bem. O ambiente piorou para Flávia quando o PT filiou o prefeito Yves Ribeiro, cuja gestão Flávia fazia oposição.


Flávia Hellen, 30 anos, é professora de história e vereadora em primeiro mandato, no Paulista. / Reprodução

Nos últimos dias da janela partidária, a vereadora trocou o PT pelo PSB. Neste domingo (6), seus 2.374 votos são um acréscimo relevante comparado aos 1,3 mil de 2020, mas foram insuficientes para reelegerem a jovem, que foi 7º lugar do partido e em 23º geral.

Também com 3 vereadores, a chapa do Republicanos elegeu Marcelly do Aquarela, Susy Racinha e Jonas da Prestação. O MDB elegeu dois vereadores: Dr. Vinicius Campos e Eudes Farias. Ganharam uma cadeira o PL (Fernanda de Edinho), o PSDB-Cidadania (Kennyo Miguel) e o União Brasil (Júnior de Irmã Linda).

Da Redação