‘É hora da esquerda superar o medo e exigir compromissos’, diz especialista sobre 2º turno em BH

Brasil de Fato

O segundo turno à Prefeitura de Belo Horizonte, que será disputado entre Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD), representa um novo capítulo de resistência, segundo Angela Carrato, jornalista e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O campo progressista está alinhado no apoio a Fuad, considerando essencial um compromisso com pautas progressistas, como transporte, meio ambiente e saúde. Para a professora, essa é uma oportunidade para os eleitos exercerem um papel combativo. “É hora de a esquerda superar o medo e exigir compromissos claros”, alerta. 

Mesmo sendo de centro-direita, o partido de Fuad faz parte da base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional e compôs a frente ampla democrática que possibilitou a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. 

“O setor progressista tem que se envolver 25 horas por dia, mostrando quem é essa figura [Bruno Engler], que berra, que fala alto, mas que, na verdade, não propõe efetivamente nada do interesse da maioria. Chega dessas figuras mentirosas. Não dá mais para esse pessoal ter espaço na política”, acrescenta.

Legislativo progressista

Já a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) renovou e aumentou o seu quadro de vereadores progressistas nas eleições de 2024. As mudanças passam pela ampliação de cadeiras do PT e do Psol, pelo retorno do PCdoB à Casa e pela eleição da primeira travesti quilombola na história do legislativo belo-horizontino.

:: Leia mais: Saúde, cultura e diversidade: conheça a bancada de esquerda eleita em BH e suas pautas ::

“É preciso destacar a presença das mulheres. Basta lembrar que uma delas, a vereadora reeleita Iza Lourença, do Psol, está entre os três candidatos mais votados em BH. Isso desmente a mentira da extrema direita de que somos uma cidade conservadora”, analisa Carrato.

Para ela, o resultado das eleições de 2024 em BH destaca a relevância da expansão progressista, um reflexo da história política da cidade. A especialista lembra que, no passado, a capital mineira contou com uma Câmara de maioria progressista, especialmente durante as gestões petistas de Patrus Ananias, Célio de Castro e Fernando Pimentel

“A cidade já teve um legislativo comprometido com os interesses da população. Essa representação precisa ser recuperada”, diz Carrato, ao mencionar a resistência local às consequências do impeachment de Dilma Rousseff e aos discursos da Lava Jato, que tentaram desacreditar lideranças de esquerda. 

Na opinião da jornalista, as igrejas neopentecostais e a mídia corporativa mantêm a extrema direita em evidência e dificultam a conscientização popular. Com nove vereadores de esquerda em uma Câmara de 41 representantes, o desafio é grande, ressalta ela. 

“BH já foi uma cidade progressista, mas não pode se contentar com apenas um quarto da representação”, pontua. Carrato defende que o campo progressista mantenha uma atuação constante, seja no combate ao avanço da extrema direita ou na desconstrução de suas falácias. 

Vereadores eleitos organizados

Mesmo com as boas adições ao setor progressista, seis vereadores bolsonaristas, do PL, foram eleitos. Um deles, Pablo Almeida, que se intitulou durante a campanha como candidato do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), foi o mais votado da história da cidade.

Contra a ameaça conservadora, Dr. Bruno Pedralva, o segundo vereador mais votado do PT na cidade, reforça a importância da participação popular no próximo quadriênio. 

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

“Nós não vamos fazer nada sozinhos. Nós vamos ter que estar juntos com os movimentos sindicais, populares, e com o povo progressista da nossa cidade, porque o lado de lá elegeu também quadros bastante raivosos. Essa Câmara vai ter que virar uma câmara popular para garantir uma Belo Horizonte democrática popular”, enfatiza. 

Iza Lourença reforça que a bancada de esquerda fará enfrentamentos diretos aos problemas que assolam a população belo-horizontina. 

“Vamos precisar também ter uma bancada independente, para estar junto quando tiver que estar, por exemplo, contra a mineração, mas estar contra quando eles apresentarem um projeto que não for em benefício da população. Vamos precisar ter uma coesão muito grande na bancada da esquerda, para fazermos os enfrentamentos junto com os movimentos sociais”, pondera. 

 

Da Redação