Chocolate por R$ 1 e casa para todos: o que pensam as crianças dos movimentos populares?

Brasil de Fato

O Dia das Crianças é comemorado neste sábado (12) e, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a infância compreende a faixa etária entre 0 e 12 anos. Representando parcela significativa da população e consideradas o futuro do país, as crianças são dotadas de direitos próprios e merecem ser cuidadas.

Quando falamos delas, é comum pensarmos em escola, brincadeiras, bagunça e inocência. Mas é importante lembrar que existem diferentes tipos de infância, que influenciam na visão que elas têm sobre o mundo.

Ninguém é melhor para falar sobre o assunto do que as próprias crianças. Por isso, o Brasil de Fato MG conversou com Mikaelly Vitória, de 9 anos, moradora da Ocupação Pátria Livre, que fica na Pedreira Prado Lopes, em Belo Horizonte, com os gêmeos Antônio Cardoso e Miguel Cardoso, de 11 anos, e com Nicole dos Santos, de 12, que fazem parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

“Morar na ocupação é muito legal, pois tem dignidade. Tem pessoas que não têm a mente aberta e falam que a gente mora em uma ‘invasão’, mas a verdade é que lutamos por um direito nosso e de todo mundo”, comenta Mikaelly.

Já as crianças do MST destacam que morar no assentamento é a mesma coisa que morar na cidade, mas com estrada de terra, cachoeiras, vacas e contato com a natureza. Os gêmeos contam a história de um amigo que só descobriu o que era o MST ao estudar na mesma escola que eles.

“Tem um amigo na escola que só foi conhecer o assentamento do MST quando estudou aqui na escola. Antes, ele tinha um primo que falava que o MST não ocupa, invade. Aí, a gente explicou que o MST não invade, mas ocupa terras que estavam desocupadas para fazer moradias para as pessoas”, relatam Antônio e Miguel.

Nicole afirma que quem conhece o MST se apaixona e não consegue sair. Ela relembra de uma das lutas enfrentadas pelo movimento durante a gestão de Romeu Zema (Novo), quando o governo estadual tentou despejar um assentamento no município de Campo do Meio, durante a pandemia de covid-19.

“O MST ajuda as pessoas e, se não existisse o movimento, talvez, algumas pessoas estariam na rua. A culpa das tentativas de despejo não é da polícia, é do Zema”, avalia a menina.

E se as crianças mandassem?

Perguntadas pelo Brasil de Fato MG sobre o que fariam se pudessem criar as leis por um dia, as crianças contam os seus desejos:

Micaelly – Eu faria com que dessem uma casa para todos os moradores de rua, com água e alimentos. Para os cachorros também. Acabaria com a violência e faria uma lei os contra maus tratos e o estupro infantil.

Miguel – Kinder ovo a R$ 1. Além disso, os policiais não poderiam fazer coisas ruins. Eu também faria uma multa de R$ 3 mil por discriminação. Também teria uma lei para as pessoas tratarem bem as crianças e as crianças tratarem bem os adultos.

Nicole – Eu abaixaria o preço das marmitas, construiria um abrigo para pessoas em situação de rua e tiraria o Bolsonaro da concorrência. Eu também falaria para as pessoas pararem com esse negócio de preconceito, machismo e homofobia.

Antônio – No Dia das Crianças, tudo ficaria 50% mais barato para as crianças. Também queria que os lanches fossem mais baratos.

Da Redação