Kamala e Trump vão para a Pensilvânia e tentam melhorar desempenho entre eleitorado negro e latino
Brasil de Fato
A três semanas das eleições presidenciais, Donald Trump e Kamala Harris intensificaram os comícios na Pensilvânia, com foco no eleitorado negro e nos quase 580 mil latinos com direito a voto neste estado considerado chave e onde o cenário ainda é indefinido.
Kamala fará um comício na noite desta segunda-feira (14) na localidade de Erie, a menos previsível do estado e primordial para selar uma vitória republicana ou democrata. Trump venceu em Erie em 2016, quando saiu vitorioso do pleito. Em 2020, foi a vez do democrata Joe Biden ganhar por lá, consagrando-se presidente.
Trump esteve em duas cidades da Pensilvânia na semana passada. Em 5 de novembro, ele falará de temas econômicos com os eleitores de Oaks, nos arredores da Filadélfia, a maior cidade do estado.
Nas eleições estadunidenses, onde a votação acontece de forma indireta através do colégio eleitoral, a Pensilvânia é considerada chave por ser um estado pêndulo. Ou seja, não pode ser classificado apenas como republicano ou democrata, variando sua inclinação partidária a cada eleição. Entre os sete estados-pêndulos estadunidenses, a Pensilvânia é o que possui o maior número de delegados: são 19.
Esta será a 10ª vez que a vice-presidente irá ao estado desde sua oficialização como candidata, em julho. No total, o estado foi visitada pelas campanhas republicana e democrata 46 vezes.
Foco na população negra e latina
O resultado destas eleições é mais incerto do que nunca. Dois levantamentos publicados no último fim de semana mostram que Trump está reduzindo a vantagem de Kamala, que luta para ganhar terreno entre os eleitores negros e latinos.
Ainda nesta segunda-feira (14), a equipe de Kamala revelou algumas de suas propostas para beneficiar os homens negros, ajudando-os a criarem pequenas empresas ou comércios, com empréstimos a juros baixos, e facilitando seu acesso à educação e formação. Os negros correspondem a 12% da população da Pensilvânia.
A vice-presidente está perdendo nas pesquisas nessa faixa do eleitorado em comparação com seus antecessores democratas na corrida pela Casa Branca. Segundo uma pesquisa do New York Times/Siena College, 90% dos afrodescendentes votaram em Biden em 2020, um número que cai para 78% em relação à Kamala Harris.
Na semana passada, o ex-presidente Barack Obama criticou seus “irmãos” negros por sua relutância a eleger uma mulher pela primeira vez na história do país.
“É uma simplificação extrema atribuir uma margem de vitória estadual ou nacional a apenas um grupo demográfico”, explica o professor universitário A.K. Sandoval-Strausz em um artigo na plataforma digital independente The Conversation.
Mas “em uma eleição muito disputada como esta, pequenas mudanças nas margens entre grupos-chave, como os eleitores latinos na Pensilvânia, podem determinar quem se torna presidente”, acrescenta.
A composição latina da Pensilvânia difere da de outros estados nos quais a ascendência mexicana predomina. No estado, 53,4% são porto-riquenhos, 12,6% de origem mexicana, 11,3% dominicanos, 3% cubanos e 2,6% colombianos, segundo a plataforma de dados Latino Data Hub. Tradicionalmente, os porto-riquenhos são os mais leais aos democratas.
Está previsto que a candidata retorne à Pensilvânia em meados desta semana. Ela também irá a outros dois estados-pêndulo: Michigan e Wisconsin, com 15 e 10 delegados, respectivamente. Se Kamala vencer na Pensilvânia, em Wisconsin e Michigan, terá a Presidência praticamente garantida.
*Com AFP