Mais de 40% dos haitianos vivem na pobreza extrema; na América Latina, fatia é quase 6%, diz ONU

Brasil de Fato

Quatro em cada dez haitianos vivem na extrema pobreza. Na América Latina e no Caribe, 34 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, o que representa quase 6% da população. Os números são do Índice de Pobreza Multidimensional (MPI) global, divulgado na quinta-feira (17).

De acordo com o relatório, na América Latina e no Caribe, depois do Haiti a Guatemala é o segundo país com os níveis mais altos de pobreza extrema, alcançando 28,9% da população, mais de 20% acima da média regional. 

Publicado anualmente desde 2010, o relatório é produzido em conjunto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI). 

À diferença das medições de pobreza de renda, como a do Banco Mundial, que define pobreza extrema como uma pessoa que recebe, no máximo, US$ 2,15 por dia (R$ 12 pelo câmbio atual), o MPI define a Pobreza Multidimensional como a falta de acesso a diferentes bens básicos: como água potável, assistência médica, escolaridade, condições de moradia, acesso à eletricidade etc. Desta forma, se constrói uma noção mais abrangente da pobreza, destacando diferentes aspectos que possibilitam o acesso a uma vida digna. 

O objetivo do relatório é revelar padrões de pobreza que se mantêm ao longo do tempo, permitindo melhorar as ferramentas disponíveis para designar recursos e elaborar políticas públicas mais eficazes e assim “quebrar o ciclo de pobreza e crise”. 

Este ano, o relatório analisou a situação em 112 países, o que corresponde a cerca de 6,3 bilhões de pessoas. Entre suas conclusões, o relatório afirma que cerca de 1,1 bilhão de pessoas vivem em extrema pobreza. Desse total, 455 milhões (40%) vivem em países em guerra ou violência extrema. 

O aumento dos conflitos armados nos últimos tempos foi identificado como um dos principais motivos para a intensificação e a multiplicação da pobreza. Isso ocorre porque, além da destruição causada, a violência gera deslocamento de pessoas e interrupções que afetam o acesso a condições mínimas de vida. 

A análise constata que as privações são significativamente mais graves em termos de nutrição, acesso à eletricidade e acesso à água e saneamento para os pobres em situações de conflito em comparação com os pobres em situações mais pacíficas. Também observa que a redução da pobreza tende a ser mais lenta nos países que mais sofrem com conflitos.

Dessa forma, o relatório aponta a necessidade de aumentar os recursos para a “recuperação antecipada” das populações afetadas pela pobreza extrema como a principal maneira de “quebrar o ciclo de pobreza e crise”.

O relatório também observa que a pobreza extrema afeta as áreas rurais três vezes mais do que as áreas urbanas. O número de pessoas pobres com menos de 18 anos é quase duas vezes maior do que o de adultos. Enquanto 83% dos pobres do mundo vivem na África Subsaariana e no Sudeste Asiático. Índia, Paquistão, Etiópia, Nigéria e República Democrática do Congo são os cinco países com os níveis mais altos de pobreza extrema no mundo. 

 

Da Redação