Dossiê Nunes reúne dez denúncias contra o candidato à Prefeitura de São Paulo
Brasil de Fato
Circula pelas redes sociais nesta segunda-feira (21) um documento intitulado Dossiê Nunes, com um compilado de dez denúncias sobre crimes e práticas ilícitas do prefeito e candidato à reeleição em São Paulo Ricardo Nunes (MDB).
As acusações incluem investigações em andamento, como o caso da Máfia das Creches, um esquema de desvio de dinheiro público envolvendo entidades sem fins lucrativos, escritórios de contabilidade e empresas fantasmas, muitas vezes ligadas a vereadores. A Nikkey Serviços, empresa da família do prefeito, seria uma das favorecidas no esquema, que está em investigação pela Polícia Federal.
Nunes se diz inocente. Em nota à Carta Capital, a campanha do candidato afirmou não haver no processo qualquer acusação contra o prefeito e a Nikkey e reiterou a versão de que houve prestação de serviços ao justificar o recebimento do dinheiro.
Outro assunto mencionado no documento são os contratos sem licitação. “O Tribunal de Contas do Município (TCM) identificou indícios de ‘emergências fabricadas’ para favorecer empresas ligadas ao prefeito. Uma investigação do UOL, que analisou 307 contratos, revelou indícios de conluio em 223 deles”, informa o dossiê.
De acordo com a publicação, o esquema consistia em convidar três companhias para participar da licitação, mas apenas uma delas apresentava uma proposta viável, garantindo a vitória no contrato. “Em seguida, as mesmas empresas se revezavam em um ‘rodízio da roubalheira'”, denuncia o dossiê.
Relação com o PCC, gastos exorbitantes e outras irregularidades envolvendo a empresa Nikkei compõem a lista de denúncias. As acusações são baseadas em investigações publicadas em diversos portais de notícias, como Agência Pública, De olho nos ruralistas, Carta Capital, UOL e Folha de São Paulo. Nunes nega as acusações.
Violência doméstica e porte de arma
O dossiê lembra também situações antigas, como a detenção por porte ilegal de armas e disparo em local público, em 1996, após uma confusão na casa noturna Caipirão, em Embu das Artes (SP). Nunes portava uma pistola calibre 380 e teria feito um disparo, que justificou ser acidental. O policial que o abordou, no entanto, declarou ter visto ele disparar.
Apesar de ter se tornado réu, Nunes aceitou um acordo judicial e doou canecas plásticas para encerrar o processo.
Ao portal Metrópoles, que publicou matéria sobre o caso, Nunes enviou uma nota reiterando a versão do tiro acidental. “O episódio datado há quase 30 anos refere-se a um disparo acidental de arma registrada em nome de outra pessoa e sem consequências para nenhuma parte. O depoimento foi atendido prontamente conforme orientação policial na ocasião. Tanto a arma como o veículo onde a mesma foi encontrada pertenciam a terceiro, que deixou o local sem prestar esclarecimento”, diz a nota.
O dossiê inclui ainda uma acusação de violência doméstica com base em denúncias feitas por Regina Vital Carnovale, companheira do prefeito. Em 2011, ela registrou um Boletim de Ocorrência acusando Nunes de “ciúmes excessivo”, perseguição e ameaça. Anos depois, em redes sociais, Carnovale denunciou Nunes por agressão física e falta de pagamento de pensão alimentícia.
“Apesar das acusações, o casal permanece junto, mas o assunto é um tabu para Ricardo Nunes”, informa o documento.
Em julho de 2024, em sabatina à Folha e ao UOL, questionado sobre o tema, Nunes afirmou que o B.O. foi “forjado”.