Putin diz que posições de Brasil e Rússia sobre Venezuela não coincidem

Brasil de Fato

O presidente russo, Vladimir Putin, comentou para a imprensa no final da 16ª Cúpula do Brics, em Kazan, na Rússia, a possibilidade de a Venezuela aderir ao bloco como país parceiro. De acordo com Putin, qualquer adesão ao grupo Brics só é possível com o consentimento de todos os participantes da associação e o Brasil se oporia a isso.

“Quanto à admissão da Venezuela ou de qualquer outro estado ao Brics, quero dizer que isso só é possível com consenso. Temos uma regra segundo a qual, para admitir qualquer candidato a esta organização, à associação Brics, é necessário o consentimento de todos os participantes. Sem esta unificação, é impossível dar esse passo”, disse Putin na coletiva de imprensa após a Cúpula do Brics.

Ele comentou que há divergências entre as posições de Rússia e Brasil sobre a Venezuela, destacando que Moscou reconhece a legitimidade de Nicolás Maduro após as eleições presidenciais do país sul-americano.  

“Nossa posição não coincide com a do Brasil nas questões venezuelanas. Falo sobre isso abertamente. Falamos sobre isso ao telefone anteontem com o presidente do Brasil, com quem tenho relações muito boas, considero que são relações amigáveis”, disse o líder russo.

Putin observou também que Moscou considera justa a vitória do presidente venezuelano Nicolás Maduro nas eleições e apoia o seu governo. Ele manifestou esperança de que o Brasil, guiado pelos princípios da objetividade, consiga resolver as relações bilaterais com a Venezuela.

Cerca de 300 jornalistas participaram da coletiva de imprensa com o presidente russo. Putin falou por mais de 1h com a mídia que cobre a Cúpula do Brics e respondeu a perguntas da mídia russa e da mídia estrangeira. 

Lista de países parceiros do Brics

Apesar de não declarar oficialmente quais foram os países aceitos para fazer parte do Brics como Estados parceiros, a reportagem do Brasil de Fato apurou com as fontes diplomáticas brasileiras que os membros do Brics chegaram a uma definição de 13 países para se juntar à associação na categoria de “Estados parceiros”.

No entanto, não haverá uma oficialização da entrada destes países durante a cúpula, já que a partir desta definição, a presidência russa passa a realizar consultas com os países parceiros para oficializar a adesão ao Brics. 

O grupo dos países convidados a fazer parte do Brics como “Estados parceiros” é composto por: Turquia, Indonésia, Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.

De acordo com fontes diplomáticas da delegação brasileira em Kazan ouvidas pela reportagem do Brasil de Fato, a Venezuela ficou fora da lista por conta de um veto do Brasil, apresentado durante as negociações preliminares da cúpula.

Da Redação