Campanha em Olinda (PE) chega aos últimos dias com homofobia, blocos de carnaval e Raquel Lyra na disputa
Brasil de Fato
Na corrida para colocar mais votos nas urnas no próximo domingo (27), os candidatos à Prefeitura de Olinda (PE), Vinicius Castello (PT) e Mirella Almeida (PSD), não fizeram o movimento de “buscar o centro” e abrir mão de parte de suas bandeiras, como aconteceu em outras disputas Brasil afora. Os adversários têm priorizado evidenciar seus polos. Castello reuniu grupos culturais, movimentos populares e de mulheres, enquanto Almeida buscou lideranças evangélicas e tem usado o conservadorismo contra o adversário gay.
Leia: Olinda: Vinicius e Mirella se enfrentam em dois debates nesta quarta; assista aqui
Paulista: Ramos falta novamente e debate da Globo vira entrevista com Junior Matuto
Castello, vereador em 1º mandato e ainda desconhecido de parte da população, priorizou a realização de atos de rua, caminhadas e carreatas pelos bairros de Olinda. Levou ao seu lado o popular prefeito do Recife, João Campos (PSB), e a também popular deputada Delegada Gleide Ângelo (PSB).
Um dos atos de rua foi uma caminhada no bairro de Peixinhos, reunindo movimentos feministas, sob o mote “Mulheres com Vini”, com a presença da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; a ministra de Ciência e Tecnologia, a olindense Luciana Santos (PCdoB); e a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffman; além de lideranças femininas da esquerda ao nível estadual e metropolitano.
No domingo (20), uma caminhada no Sítio Histórico celebrou a adesão de 10 agremiações carnavalescas tradicionais de Olinda, entre elas o Eu Acho é Pouco, a Ceroula e o Elefante, numa espécie de Carnaval fora de época. No dia seguinte, o destaque foi uma plenária ampla de mobilização com militantes e lideranças de esquerda da região metropolitana para reforçar a campanha petista.
A adversária Almeida, que está em sua primeira disputa eleitoral, também é desconhecida de uma fatia do eleitorado. Para superar a desvantagem de 18 mil votos do 1º turno, a candidata do PSD tem reunido lideranças evangélicas em seu palanque, entre as quais o cantor gospel Josafá Souza, artista com mais de 250 mil seguidores na internet.
Almeida contou com a governadora Raquel Lyra (PSDB) fazendo corpo a corpo com os eleitores numa caminhada na Cidade Tabajara, periferia de Olinda. Figuras da direita conservadora pernambucana, como o deputado federal Mendonça Filho (União Brasil), e da chamada “bancada evangélica”, também entraram na campanha.
Quem pouco tem dado as caras é o padrinho político de Almeida, o impopular prefeito de Olinda Lupércio Nascimento (PSD), que a escolheu como sucessora. Quem também não apareceu no 2º turno foi a ex-deputada Marília Arraes (Solidariedade), que declarou seu apoio à candidata do PSD no 1º turno, mas que tem tentado reconstruir sua imagem de “militante de esquerda”, retomando laços com o PT e o PSB.
Se, de um lado, a imagem de Almeida é associada à do prefeito Lupércio, do outro, Castello também tem sido apresentado como “candidato de Renildo Calheiros”, citando o deputado federal do PCdoB que já foi prefeito de Olinda, deixando o cargo também com baixa aprovação.
Adesões, homofobia e fake news
A candidata bolsonarista Izabel Urquiza (PL), que recebeu 51,5 mil votos no 1º turno (24,8%) e ficou em 3º lugar, não quis subir no palanque de Almeida, mas parte de sua estrutura de campanha foi transferida para a candidata do PSD. Ambas foram colegas na gestão Lupércio: Urquiza como assessora especial de Desenvolvimento Econômico e Almeida como secretária de Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação.
Com a adesão de parte da estrutura bolsonarista em Olinda, a campanha do PSD passou a atacar mais o adversário petista. O que começou com “desconhecido”, “inexperiente” e “aventureiro”, descambou para conteúdos homofóbicos, anticomunistas e mentirosos.
Num vídeo, um homem aparece com um vestido branco e um buquê durante cerimônia de casamento. A peça foi divulgada como sendo o candidato Vinicius Castello, o que foi desmentido. O vídeo era do casamento do influenciador paraibano Hytalo Santos. Noutro vídeo, Castello aparece ao lado do namorado e, na imagem editada, foi adicionada a frase escrita “os enfeites do Carnaval vão ser da cor LGBTQIA+”.
Uma publicação de flerte feita pelo candidato na rede social X ainda em 2019, quando não ocupava qualquer cargo público, também foi resgatada para estimular a rejeição através da homofobia. Noutra peça, o candidato petista é apresentado como “contra as igrejas”. A Justiça Eleitoral multou páginas de Instagram que estavam fazendo campanhas difamatórias
Se a estrutura de campanha da terceira colocada do PL migrou para a campanha de Almeida, os candidatos Márcio Botelho (PP) e Antônio Campos (PRTB) – 4º e 5º lugar na disputa, respectivamente -, além do vice de Urquiza, declararam apoio ao petista. Botelho, que recebeu 9,9 mil votos (4,8%), se tornou presença constante ao lado de Castello neste 2º turno.
Também subiram no palanque petista, nos últimos dias, 13 dos 17 atuais vereadores de Olinda, inclusive nomes da base de apoio da atual gestão que no 1º turno fizeram campanha para a candidata do PSD.
Leia também: Deputada quer proibir propagandas de casas de apostas em Pernambuco
Autoridade Climática do governo Lula tem a aprender com o Semiárido nordestino, avalia ambientalista