Eleições nos Estados Unidos: o que você precisa saber

Brasil de Fato

A corrida pela presidência dos Estados Unidos entre a democrata Kamala Harris, atual vice-presidente que entrou na disputa após desistência de Joe Biden e o republicano Donald Trump, culmina no próximo dia 5 de novembro.  O Brasil de Fato preparou abaixo um guia explicando os principais pontos do processo eleitoral do país.

Nos Estados Unidos, as eleições presidenciais acontecem a cada quatro anos e o voto é facultativo. Apesar de alguns poucos estados usarem votação digital, a imensa maioria usa mesmo as cédulas eleitorais, conhecidas como ballots, semelhantes aos papéis usados no Brasil no início dos anos 1990. 

Seis estados até usam uma espécie de voto digital, mas isso não muda o resultado, porque não são estados-pêndulo – onde a disputa realmente é decidida. Os seis dos 50 estados nos Estados Unidos que utilizam sistemas eletrônicos de votação são: Arkansas, Carolina do Sul, Delaware, Geórgia, Louisiana e Nevada. Em outros cinco, como no Colorado, Havaí, Oregon, Utah e Washington a votação é realizada por meio dos correios, que começa de forma antecipada para incentivar a participação da população.

Nos restante dos locais, ainda são utilizadas cédulas de papel ou sistemas mistos, por exemplo, o voto em uma cédula que é escaneada por um aparelho que computa os votos ou contada manualmente.

Antes do dia da votação, os partidos políticos realizam as chamadas “primárias”. Esse é o momento em que os candidatos de cada partido competem entre si para se tornar o representante da legenda nas eleições gerais. Existem diferentes tipos de primárias: 

Primárias abertas: qualquer eleitor pode votar em qualquer partido. 

Primárias fechadas: somente os eleitores registrados em um partido podem votar em seus candidatos. 

As primárias são uma ocasião importante, pois permite que os eleitores escolham quem acreditam ser o melhor candidato para enfrentar os adversários de outros partidos. 

Após as primárias, cada partido realiza uma convenção nacional. É aqui que os delegados se reúnem para formalizar a escolha do candidato que disputará a presidência. Nesse evento também se define a plataforma do partido — que é um conjunto de propostas e diretrizes que o partido defenderá. 

Uma vez que os candidatos são definidos, acontece a eleição geral, na primeira terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro, que cai dessa vez no próximo dia 5. Nessa data, os cidadãos vão às urnas votar. Porém, o sistema eleitoral estadunidense é indireto, além de complicado, parecendo ser difícil de entender. 

O Colégio Eleitoral 

Quando os estadunidenses votam para presidente, na verdade, escolhem um grupo de “eleitores” que irão representar seu estado no Colégio Eleitoral que não é um local, mas um processo. Cada estado tem um número específico de eleitores, baseado na sua população, e o total de eleitores é 538. Os estados enviam seus votos ao Colégio Eleitoral, que farão a leitura deles e atestam a vitória do novo presidente. 

Cada estado tem um número fixo de eleitores baseado em sua população. Se um partido tem mais votos nesse estado, todos os seus votos no Colégio Eleitoral são desse partido. Quem ganha a maioria dos votos dos eleitores no Colégio Eleitoral se torna presidente.

Em resumo, o voto dos cidadãos determina quais delegados representam o estado no Colégio Eleitoral. Esses delegados então votam no presidente.

A quantidade de delegados que cada estado possui no Colégio Eleitoral é calculada pela soma dos senadores e deputados que o representam no Congresso. Portanto, estados com maior população, como Califórnia, Texas e Flórida, dispõem de um número mais elevado de delegados, tornando-se, assim, alvos mais atraentes para os candidatos, pois suas votações têm um peso significativo no resultado. 

Esse sistema de eleição indireta foi idealizado durante a redação da Constituição dos EUA em 1787, em um contexto em que os estados temiam entregar todo o poder de escolha do presidente ao legislativo federal, devido à grande extensão territorial do país e às limitações em logística e comunicação da época.  

Esse modelo pode levar a situações em que um candidato é eleito presidente sem obter a maioria dos votos populares, o que ocorreu cinco vezes na história das eleições americanas, sendo a mais recente em 2016. Naquela eleição, Hillary Clinton teve quase três milhões de votos a mais do que Donald Trump, mas terminou com apenas 232 delegados, enquanto Trump somou 306. Outros casos incluem o democrata Al Gore, que teve aproximadamente meio milhão de votos a mais que o republicano George W. Bush em 2000.

Essa dinâmica histórica levanta debates sobre a eficácia e justiça do sistema eleitoral. 

Outro aspecto importante são os “swing states” ou “estados pêndulos” em português, que são aqueles que não apresentam um padrão fixo de votos e podem alternar entre os partidos em diferentes eleições. A competição por esses estados costuma ser intensa, porque ganhar neles pode ser fundamental para a vitória da presidência. Alguns exemplos de “swing states” nas últimas eleições incluem: 

Flórida – Conhecido por seu grande número de delegados e um histórico de resultados apertados. 

Pensilvânia – Um estado que foi um baluarte para os democratas por muito tempo, mas que tem mostrado resultados mistos em anos recentes

Wisconsin – Um estado que tem visto uma crescente polarização política. 

Michigan – Também um estado historicamente democrata que se tornou alvo para republicanos

Arizona – Recentemente ganhou atenção por suas mudanças demográficas e políticos. 

Um dos exemplos mais recentes de como esses estados podem ser cruciais aconteceu em 2016, quando em Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, Donald Trump venceu Hillary Clinton ao conquistar esses três estados que tradicionalmente apoiavam os democratas. A vitória por margens estreitas nesses locais, com uma estratégia focada em trabalhadores de classe média e questões econômicas, foi crucial para sua vitória no Colégio Eleitoral, apesar de ter perdido o voto popular.

Depois da votação de 5 de novembro, os resultados começam a ser apurados. os delegados então se reúnem em seus respectivos estados e formalizam o voto para o candidato que ganhou a maioria no estado. A contagem dos votos é feita manualmente e pode durar semanas até que o resultado seja divulgado. No próximo 20 de janeiro de 2025, o novo presidente será empossado assumindo oficialmente o cargo. 

Da Redação