Abstenção, Marçal e máquina para reeleição: professor explica derrota de Boulos
Brasil de Fato
A derrota do candidato a prefeito Guilherme Boulos (Psol) nestas eleições municipais pode ser explicada por três fatores: alta abstenção, o uso da máquina pública a favor da reeleição de Ricardo Nunes (MDB) e o surgimento de Pablo Marçal (PRTB). Essa é a leitura de Paulo Roberto de Souza, cientista político e professor da pós-graduação em Mídia, Política e Sociedade da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
Souza foi um dos convidados da edição especial do Três por Quatro, podcast de política do Brasil de Fato, sobre a eleição deste domingo (27). Nas urnas, Boulos perdeu a eleição para Nunes por 59,35% dos votos válidos por 49,65%.
Segundo Souza, Boulos não conseguiu uma votação mais expressiva, primeiramente, por conta da alta abstenção de eleitores. Cerca de 31% dos aptos a votar não compareceram às urnas neste domingo. Segundo ele, esse índice, historicamente, prejudica a esquerda. “Quanto menor abstenção, melhor para progressistas. Quanto maior a abstenção, melhor para direita”, disse.
Souza também disse que o fato de Nunes ser o atual prefeito tornou a eleição mais difícil para Boulos. Nunes não era exatamente um bom chefe do Executivo, segundo pesquisas de aprovação. No entanto, conseguiu realizar obras no final do seu mandato e aglutinar uma grande base de apoio para sua reeleição, garantindo a ele o maior tempo para propaganda no horário eleitoral gratuito na televisão entre os candidatos.
Por fim, Souza citou Pablo Marçal. O professor disse que a entrada do empresário e influenciador na corrida eleitoral atrapalhou Boulos. Tirou o psolista da condição de candidato antissistema. Além disso, dificultou o trabalho do candidato do Psol de mostrar os problemas da gestão de Nunes.
“Marçal foi uma ‘hecatombe’. Tomou o lugar que seria de Boulos na eleição”, disse Souza, ressaltando que o candidato do PRTB forçou Boulos a reprogramar sua campanha.
Ainda considerando o papel de Marçal nesta eleição em São Paulo, Souza afirmou que a extrema direita foi a grande vencedora da corrida eleitoral.