Artistas LGBTQIA+ realizam mostra de artes visuais e performance em quatro cidades do Ceará

Brasil de Fato

Com a temática “Criar, Ocupar, Transgredir, Existir”, a Banida Plataforma – que se articula desde 2020 enquanto plataforma de criação em arte dissidente – realiza, entre junho e agosto de 2024, a 1ª Edição da Mostra Proibida – A Infestação, quando deve reunir cerca de 15 mil pessoas através de 27 ações programadas para dez semanas de duração, passando por quatro cidades cearenses: Fortaleza, Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. O objetivo do evento é pautar a ocupação contagiosa, frenética e disruptiva das cidades visitadas com artistas LGBTQIA+.

A artista, curadora e gestora na Banida Plataforma, Bárbara Banida, revela que a Mostra marca uma movimentação histórica de corpos dissidentes que, aos poucos, conseguem ingressar nos espaços de cultura e arte, ainda que se mantendo, em sua maioria, precarizados. “É uma mostra que marca também a potencialização da linguagem da performance no Ceará, sendo incentivada pelo acontecimento de outras mostras, como o Festival Imaginários Urbanos e o Sindicato da Performance”, afirma.

Ela destaca, também, as diversas mãos que se somam no processo de construção do evento, passando pela curadoria de uma pessoa trans, com a presença de diversas pessoas LGBTQIA+, negras, periféricas, com deficiência, do interior do estado, entre outros grupos historicamente minorizados. “É uma referência da potência que conseguimos atingir quando nos encontramos na diferença e na dissidência”, aponta a artista.


Bárbara Banida em Performance Cultivo Laudos F00-F99, no Morro de Santa Terezinha, em Fortaleza / Arrudas Maria e Mateus Falcão

Com o objetivo de ocupar diversos espaços, impulsionando artistas contranormativos do Ceará na construção de ações potentes e disruptivas, a mostra busca potencializar projetos nas linguagens de Artes Visuais e Performance, a partir de um grupo de artistas e profissionais que compõem a Banida Plataforma, nas áreas de criação, comunicação, curadoria, acessibilidade e produção. A atividade é protagonizada por artistas, curadores e produtores dissidentes, e possui mais de 90% da ficha técnica de pessoas LGBTQIA+.

A curadora do evento revela também as dificuldades encontradas no processo de construção da Mostra, e destaca que fazer arte em um mundo em crise nunca é fácil. “Nossas dificuldades são aquelas comuns a todo trabalhador: a dificuldade de conseguir acessar recursos, a necessidade de exercer vários trabalhos ao mesmo tempo, a escassez do tempo, o cansaço”. Bárbara ainda ressalta que outras dificuldades encontradas dizem respeito ao modo de fazer arte das pessoas que estão na contranorma. “Perdemos também a possibilidade de acesso a vários espaços. Afinal, não é todo lugar que aceita ações de disruptividade e transgressão. Apesar disso, encontramos, nas dificuldades, brechas para florescer. Crescemos nos covis, nas labutas, nos bueiros. Mas também brilham nos palcos, nas telas, no abraço”.

Embora as dificuldades, a gestora afirma que as expectativas para a Mostra é de entregar bens culturais de qualidade, com profundidade estética e que sejam acessíveis a diversas corporalidades e territórios. “Divulgaremos todas as ações em nossas redes sociais, com uma identidade visual que temos muito carinho, criada por Rafa Vasconcelos e Bárbara Banida. Outra coisa importante de apontar é que é uma Mostra que os participantes estão sendo bem pagos. Nada de precarizar profissionais, ainda mais agentes culturais na contranorma”, conclui.


Jocasta durante a performance ‘Ave Eva’ na Praia da Sabiaguaba / Mateus Falcão

Com realização de Banida Plataforma e apoio da Secretaria de Cultura de Fortaleza, Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, através da Lei Paulo Gustavo e Ministério da Cultura do Brasil, a abertura está marcada para acontecer em 05 de junho, a partir das 19 horas, no formato virtual, e todos os detalhes da abertura e demais ações serão divulgados no instagram @banidaplataforma.

Da Redação