Avanço da direita no Parlamento Europeu pode dificultar relação e articulação entre países em bloco econômico

Brasil de Fato

A contagem dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu ainda não terminou, mas os resultados preliminares já mostram que a extrema direita ganha mais força no continente. A onda ultraconservadora tomou espaço de partidos de esquerda e ambientalistas. 

O movimento deve garantir a permanência da atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, segundo Demetrius Cesário Pereira, professor de Direito, Política e Relações Internacionais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e na Faculdade Belas Artes. 

“O partido que deve ganhar as eleições é o Partido Popular Europeu, grupo político formado por vários partidos de centro-direita e que vai acabar indicando a presidência da Comissão Europeia, atualmente ocupada pela Ursula [von der Leyen, alemã filiada à União Democrata-Cristã, partido de centro-direita]. Então, o que deve ocorrer é uma reeleição dela para a presidência da Comissão Europeia, que é uma espécie de parlamentarismo, que ocorre apesar de a União Europeia não ser um país, [mas] um conjunto de países”, explica sobre o sistema.

O Parlamento Europeu é o principal órgão legislativo da União Europeia e tem seus parlamentares renovados a cada cinco anos. 

Até a tarde desta terça-feira (11), a contagem havia sido encerrada em 12 de 27 países. O Grupo do Partido Popular Europeu ganhou 10 cadeiras no Parlamento, com um total de 186, a maior bancada da casa. Outro partido de direita e extrema direita que cresceu nessas eleições foi o Identidade e Democracia, com nove lugares. 

Por sua vez, partidos de centro e de centro-esquerda no espectro político, como Grupo dos Verdes, são os que mais perderam cadeiras. Demetrius explica o movimento. 

“O crescimento da extrema direita tem sido apontado em detrimento dos partidos verdes. A França talvez seja o caso mais emblemático desse crescimento. Havia muita resistência já às regras ambientais impostas não só pela França, mas pela própria União Europeia, especialmente em relação aos produtos agrícolas, por exemplo”, conta o professor.

“Então, excesso de regulamentações para a proteção do meio ambiente que acabava prejudicando os agricultores e, por outro lado, algumas questões mais ligadas à extrema direita, questões migratórias, que acabam também aumentando a preferência do eleitor e também do eleitor jovem pela extrema direita. Não é algo que ocorre só na França. Essa ascensão da extrema direita talvez seja um fenômeno global”.

O resultado preliminar representa derrota para os governos francês e alemão, que têm direito às maiores bancadas no Parlamento. Como reação, o presidente da França, Emmanuel Macron, decidiu dissolver o parlamento no país e convocar novas eleições.

O resultado final pode indicar dificuldade de articulação entre os países no bloco europeu. “Uma característica bastante forte desses partidos mais à direita é o ‘euroceticismo’, esse nacionalismo que os leva a ser contra a União Europeia. Eles vão se eleger para o Parlamento Europeu justamente para tentar impedir a União Europeia de ganhar mais força, de tirar o poder dos estados nacionais. Então, pode sim haver uma certa dificuldade ali entre eles e de articulação”, argumenta.

A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta terça-feira (11) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

E tem mais!

Brasil e China

Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, a Cosban, termina com acordos para empréstimos e a exportação de toneladas de café.

Crime da Braskem

Na comunidade dos Flexais, em Maceió, famílias lutam para serem realocadas após o solo afundar.

O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

Da Redação