Manifestação em Curitiba reúne milhares de pessoas contra o PL da Gravidez Infantil

Brasil de Fato

Desde a última quinta-feira (14), manifestações populares em protesto contra o projeto de lei 1904/2024, que equipara aborto a homicídio, acontecem em todo o país. O texto é conhecido como PL da Gravidez Infantil.

Em Curitiba, nesta sexta-feira (15), um público estimado em 5 mil pessoas se concentraram no centro da cidade e saíram em passeata pela região ecoando palavras de ordem que reafirmam o repúdio à proposta que criminaliza mulheres, especialmente meninas e adolescentes.

A maioria que estava no ato público em Curitiba eram mulheres, muitas acompanhadas de seus filhos,  que seguravam cartazes com as frases que viralizaram nas redes sociais nessa semana: “Criança não é mãe e estuprador não é pai”.

Para a assistente social e integrante da Frente Feminista de Curitiba, Vanda de Assis, que no ato segurava um destes cartazes, a proposta vem para criminalizar a mulher que é vítima.

“É um absurdo que este PL esteja estabelecendo um crime para as mulheres que pratiquem interrupção de uma gestação fruto de estupro. Esses deputados de direita que querem aprovar uma lei é para revitimizar as mulheres. Não vamos aceitar, o Brasil não pode aceitar que mulheres paguem pelo crime sendo vitimas enquanto o estuprador está sendo protegido”, disse Vanda.

Para a professora Maria Cristina, estar nas ruas com milhares de pessoas fortalece a luta. “Sou mãe, mulher trabalhadora e estar aqui com todas estas mulheres e homens junto é muito importante. É muito absurdo querer equiparar aborto a crime de homicídio. Aborto tem que ser tratado como pauta de saúde pública e não como crime. Estamos nas ruas mostrando que estamos fortes na luta”, disse,

Já a secretária geral da União Paranaense dos Estudantes e integrante do Levante Popular da Juventude, Letícia Minto, destacou que o Brasil é um dos países com mais casos de abuso sexual.

“Estamos aqui nesse ato massivo para protestar contra o PL 1904 e para dizer que criança não é mãe e estuprador não é pai. O Brasil é um dos países com maior número de abuso sexual contra mulheres, meninas e crianças. A gente não pode deixar isso passar porque criminaliza a vitima”, disse.

Roberta Soque, professora de espanhol do Instituto Federal do Paraná (IFPR) disse que veio participar da manifestação contra retrocessos que atacam os direitos das mulheres. “Nós temos uma crise democrática acontecendo e não podemos aceitar uma proposta que dá pena menor a um estuprador e que mande uma menina para cadeia, sendo vítima”, disse.


Movimentos sociais estiveram presentes no Ato contra o PL da Gravidez Infantil, no centro de Curitiba. / Yasmin Caetano / Coletivo de Comunicação Levante Popular da Juventude

Atropelo inaceitável e reação popular

O regime de urgência para votação do PL foi aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados na quarta (12), em 24 segundos. Além da proposta do texto, a manobra feita para que o projeto venha a ser votado sem que passe pelas comissões foi um dos fatores que tem levado multidões para as ruas nessa semana.  

Nesta sexta (14), além de Curitiba, também ocorreu ato em Porto Alegre (RS);

No sábado (15), é a vez de João Pessoa (PB) e mais uma vez em São Paulo (SP);

No domingo (16), em Vitória (ES);

Na segunda (17), é a vez de Recife (PE).

Na quinta feira (13), houve protestos organizados em Brasília (DF), Florianópolis (SC), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Manaus (AM) e Recife (PE).

Da Redação