Documentário narra retomada da terra ancestral pelos Mbya Guarani em Cachoeirinha (RS)

Brasil de Fato

A comunidade indígena Mbya Guarani, residente no Mato do Júlio há mais de dois anos, está finalizando um documentário que será uma importante contribuição para a divulgação de sua cultura e história. Dirigido pela socióloga e produtora audiovisual Andresa Paiva, também moradora de Cachoeirinha, o projeto foi submetido ao edital audiovisual da Lei Paulo Gustavo do município, onde conquistou o primeiro lugar na classificação geral.

O documentário é resultado de uma parceria entre a Andresa Paiva e a comunidade indígena, com o objetivo de apresentar a Tekoa Karanda’ty à população de Cachoeirinha e região. Todo o projeto, desde a concepção até a execução, está sendo realizado de forma colaborativa, com a participação ativa dos membros da comunidade.

Intitulado Retomando Raízes, o documentário explora o processo de retomada da terra ancestral, o conflito territorial, a importância da agricultura e a profunda relação da comunidade com a natureza. Diversos moradores da comunidade indígena deram depoimentos à Andresa, das crianças aos anciãos, incluindo o pajé Alexandre Acosta e a sua esposa, Claudia Fernandes.

A diretora do filme destaca a oportunidade que o documentário será para conhecer a riqueza cultural da comunidade e de, em tempo de catástrofe climática, aprender com os maiores defensores da preservação ambiental. “Muitos moradores de Cachoeirinha sequer imaginam a beleza natural presente no Mato do Julio, nem que há uma comunidade indígena preservando suas raízes culturais enquanto vive em harmonia com a natureza”, afirma.


Alexandre Acosta é liderança da Tekoa Karanda’ty / Foto: Divulgação/Cena do documentário

Comunidade como parte do projeto

Andresa conta que tem sido um privilégio acompanhar de perto o dia a dia da comunidade indígena que a concedeu permissão e confiança para executar o documentário junto com eles. Para ela, o projeto é o maior desafio em sua carreira, tanto em termos de duração quanto de recursos e equipe.

“No início, tive bastante receio e preocupação com o projeto, querendo evitar a todo custo uma visão externa superficial sobre a comunidade. Compreendi que, para evitar isso, era necessário fazer com que a comunidade se sentisse parte do projeto. Assim, formamos uma equipe mista, composta por não indígenas e indígenas, dando às lideranças da comunidade total liberdade para opinar sobre o que faz sentido para eles. Eles assistirão a uma prévia do documentário antes de sua divulgação”, revela.

Todo o processo de produção do documentário está sendo publicado na página do Instagram @retomandoraizes. “Lá, temos percebido um interesse genuíno das pessoas em conhecer a comunidade. Disponibilizamos também um formulário para que aqueles interessados em organizar uma exibição comentada do documentário em instituições sociais e de ensino pudessem manifestar interesse. Até agora, surpreendentemente, recebemos mais de 54 respostas de interessados.”

A estreia especial está prevista para o final de julho e contará com a presença de toda a comunidade e convidados. Após a estreia, o documentário será disponibilizado no YouTube, incluindo recursos de acessibilidade. Posteriormente, a equipe do documentário realizará exibições comentadas em instituições sociais e de ensino, o qual faz parte da contrapartida do projeto cultural.


 
 

 

 

Da Redação