Protesto marcado para este domingo (30) no Rio de Janeiro pede que assassinato de Julieta Hernández seja reconhecido como feminicídio

Brasil de Fato

Uma manifestação organizada este domingo (30), no Rio de Janeiro, pede que a morte da venezuelana Julieta Hernández seja revista e reconhecida pela Justiça como feminicídio. O protesto acontece seis meses após o assassinato da artista e cicloativista, morta enquanto viajava do Brasil para a Venezuela de bicicleta para passar as festas de fim de ano com a família.

O ato será uma pedalada com concentração no Aterro do Flamengo, saindo do Posto 1, a partir das 10h. 

Julieta vivia e trabalhava no Brasil. Ela partiu em viagem de bicicleta pelo Amazonas para visitar a família. Em 23 de dezembro de 2023, deixou de responder às mensagens das pessoas próximas e foi dada como desaparecida. O corpo de Julieta foi encontrado em 5 de janeiro deste ano, com sinais de estupro e queimaduras, na cidade de Presidente Figueiredo (AM), a 117 quilômetros ao norte de Manaus.

Em janeiro, o Ministério Público do Estado do Amazonas denunciou os acusados Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos pelos crimes de estupro, latrocínio (roubo seguido de morte) e ocultação cadáver. Agora, amigos e familiares de Hernández pedem a mudança da tipificação dos crimes. 

“Nós palhaces e amigues viemos, por meio desta, informar que a tipificação do caso como latrocínio está equivocada, representado uma nova forma de violência contra a família e todes aqueles que a amavam e respeitavam. Exigimos que o caso seja classificado como feminicídio, pois sim, o fato de Julieta ser mulher, sem dúvida alguma ,’autorizou’ inúmeras ações e abusos cometidos pelos assassinos. Entendemos que a vulnerabilidade feminina deve ser levada em conta para que a justiça seja feita. Por Julieta e por todas nós. Pois a violência nos afeta, em cadeia, quando deixa de receber os devidos encaminhamentos legais e penais”, diz trecho do texto da organização do protesto.

Feminicídio

Neste mês de junho, o Ministério das Mulheres pediu que o assassinato da artista venezuelana Julieta Hernández seja investigado como um caso de feminicídio, em nota publicada na noite desta quarta-feira (5). O Ministério das Mulheres manifestou “apoio à ação articulada pela União Brasileira de Mulheres (UBM) e aos familiares de Julieta Hernandez (…) para que o crime seja reconhecido como feminicídio”.

O Ministério também informou que irá monitorar o andamento das investigações e do julgamento. Para a pasta, “a violência contra Julieta Hernandez apresenta características de um crime misógino e xenófobo, de ódio à artista circense como mulher e como migrante”.  

“O Ministério das Mulheres reconhece a preocupação dos familiares e advogados da vítima pela ausência do devido tratamento jurídico ao caso como uma grave violação de direitos humanos das mulheres e dos migrantes e reforça a crença nas instituições brasileiras para que este caso e o de todas as mulheres que recorrem à Justiça não fiquem impunes, por suas vidas e pelo direito à memória”, escreveu a pasta. 

Da Redação