Projeções indicam vitória da Frente de Esquerda no segundo turno das eleições na França

Brasil de Fato

Pesquisa de boca de urna realizada na França indica uma reviravolta e que a vitória deve ser da coalizão de esquerda Nova Frente Popular. 

As estimativas divulgadas pelo instituto Ipsos e do grupo Talan mostram a Nova Frente Popular em primeiro lugar no segundo turno das eleições eleições legislativas, com 172 a 192 cadeiras no parlamento. 

A centro-direita reunida sob a liderança do atual presidente Emmanuel Macron deve conseguir de 150 a 170 cadeiras. Já o partido de extrema direita, Reagrupamento Nacional, e seus aliados, devem obter de 132 a 152 assentos, muito abaixo do estimado inicialmente: 230 cadeiras. 

O partido conservador Os Republicanos pode conquistar entre 57 e 67 cadeiras. Para governar sem a necessidade de alianças, é preciso obter 289 cadeiras no parlamento. 

Diante das projeções, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, anunciou que vai renunciar ao cargo nesta segunda-feira (8). “Sei que, à luz dos resultados desta noite, muitos franceses sentem uma espécie de incerteza quanto ao futuro, uma vez que não surgiu nenhuma maioria absoluta. Nosso país vive uma situação política sem precedentes e se prepara para receber o mundo dentro de algumas semanas. Além disso, obviamente assumirei as minhas funções enquanto o dever assim o exigir”, afirmou. 

O presidente Emmanuel Macron evitou declarações públicas. Em nota emitida pelo governo, informou apenas que vai esperar a estruturação da nova Assembleia para “tomar as decisões necessárias”.

Celebrações pelo país

Imagens de manifestações de rua mostram a celebração com a vitória da frente de esquerda, sobretudo pela derrota da extrema direita francesa. 

O líder do partido de esquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, comemorou a mobilização eleitoral que alcançou “um resultado que se dizia impossível”. “Nosso pessoal descartou claramente a pior solução para eles. Esta noite o [partido de extrema direita Reunião Nacional] RN está longe de ter maioria absoluta. É um enorme alívio para milhões de pessoas que compõem a nova França”, afirmou Mélenchon, segundo o jornal francês Le Monde.  

Para ele, a vontade do povo deve ser confirmada, com o presidente Emmanuel Macron convocando a frente para o governo, com um novo primeiro-ministro. “O presidente deve curvar-se aos resultados da esquerda, que se torna maioria na Assembleia, sob a bandeira da coligação Nova Frente Popular”, disse ele. 

Apelando a Macron para nomear um novo primeiro-ministro da aliança de partidos de esquerda: “O primeiro-ministro deve ir. O presidente tem o dever de convocar a Nova Frente Popular para governar, ela está preparada para isso”, concluiu ele, ressaltando que a frente não faria nada além de aplicar seu programa, escolhido pela maioria.  

Governo de Esquerda 

O líder da Nova Frente Popular (NFP), Raphael Glucksmann, afirmou que é preciso reconhecer a atual situação do país, e agir de acordo com as mudanças de cultura necessárias. “O país precisa encontrar paz. Precisamos agir como adultos agora, o parlamento está dividido”, disse.  

Olivier Faure, liderança do Partido Socialista da França, celebrou a vitória da esquerda, mas, principalmente, a derrota da extrema direita. “Esta noite, a França disse não à chegada do [partido de extrema direita Reunião Nacional] RN ao poder”, afirmou. 

Ele acrescentou que descarta qualquer governo de coligação entre a esquerda e o bloco macronista. “A Nova Frente Popular deve assumir o comando desta nova página da nossa história”, afirmou, acrescentando que os partidos de esquerda devem governar e implementar o programa comum da Nova Frente Popular. 

Jogado na lama 

Jordan Bardella, líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, que se acreditava que venceria as eleições, inclusive podendo ter maioria absoluta, admitiu a derrota e criticou a aliança da Nova Frente Popular, que teria “enganado os franceses”. “O país foi jogado nas mãos da esquerda”, afirmou. 

A principal liderança da extrema direita francesa, Marine Le Pen, disse que vitória de seu partido foi apenas adiada. “A maré está subindo. Não subiu o suficiente desta vez, mas continua a subir e, portanto, a nossa vitória está apenas adiada. Tenho demasiada experiência apenas para ficar desiludida com um resultado em que duplicamos o nosso número dos deputados”, afirmou.

Da Redação