Pré-candidatura de Requião pode atrapalhar planos de Ducci e do PT em Curitiba

Brasil de Fato

A entrada de Roberto Requião na corrida pela Prefeitura de Curitiba pelo partido Mobiliza está introduzindo novos elementos na competição eleitoral, potencialmente reconfigurando alianças estratégicas no campo da esquerda. Requião, veterano político e ex-prefeito da capital paranaense, busca consolidar sua candidatura por meio de coligações estratégicas, com ênfase em um possível apoio do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Recentemente, ele se reuniu com Carlos Lupi, presidente nacional do partido, numa tentativa de angariar o respaldo da legenda.

Entretanto, as perspectivas de uma aliança entre Requião e o PDT são incertas. O partido já manifestou apoio a Luciano Ducci (PSB), com o deputado estadual Goura cotado para vice na chapa de Ducci. Goura, também presidente do PDT no Paraná, afirmou: “não vejo possibilidade de mudança na posição do partido no estado”. Esta aliança, que envolve ainda PT, PV e PCdoB, forma uma frente ampla de centro-esquerda para a eleição municipal.

Pesquisa Band/Paraná Pesquisas, divulgada em 5 de julho, indica que Requião figura com 12% das intenções de voto, empatado tecnicamente no segundo lugar com Ducci e Ney Leprevost (União), enquanto Eduardo Pimentel (PSD) lidera. Sem Requião, Ducci apresenta desempenho consideravelmente melhor, embora ainda atrás de Pimentel. Em todos os cenários, a pesquisa sugere que a eleição não será decidida no primeiro turno, com Requião potencialmente retirando votos cruciais de Ducci e fragmentando o eleitorado de esquerda.

Requião, que recentemente se desfiliou do PT devido a discordâncias com a direção nacional e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a condução partidária. “O PT perdeu sua função transformadora. O partido está preso a um jogo que envolve a extrema direita e a centro-direita, prejudicando severamente o Brasil”, afirmou Requião. Sua saída do PT e subsequente candidatura pelo Mobiliza podem dividir ainda mais os votos da esquerda, enfraquecendo a coalizão em torno de Ducci.

Dirigentes da Federação Brasil da Esperança, ouvidos pelo Brasil de Fato, demonstraram preocupação com a possibilidade de que a campanha de Requião divida os votos da esquerda e de Ducci, fortalecendo candidatos de direita no segundo turno. Ducci, apesar de sua base no governo Lula e do apoio do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, é um político de centro e foi vice de Beto Richa, adversário histórico de Requião.

A candidatura de Requião enfrenta desafios significativos, incluindo a limitação de recursos. O Mobiliza, partido pelo qual Requião se filiou para a eleição, possui recursos escassos do fundo partidário e não dispõe de tempo de TV e rádio, o que pode complicar ainda mais sua campanha.

Em carta aberta aos curitibanos, Requião reiterou seu compromisso com uma administração competente e ética, enfatizando a necessidade de uma gestão inclusiva e sustentável. “Curitibanos, esta carta é um manifesto de compromisso e amor. Juntos, construiremos uma Curitiba mais bela, forte e justa”, declarou, destacando a importância de levar serviços de qualidade às áreas periféricas da cidade.

Requião adotou uma abordagem direta, visitando bairros periféricos de Curitiba e ressaltando a necessidade urgente de melhorar a qualidade de vida nessas regiões. Em vídeo gravado na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), ele argumentou: “A qualidade do centro deve se estender aos bairros. Saúde, com postos funcionando plenamente, médicos em número suficiente, escolas integrais para nossas crianças, transporte coletivo abundante e acessível.”

As críticas de Requião à gestão atual e suas alianças políticas são evidentes. Ele questionou o apoio do PT a Ducci, ex-vice de Beto Richa, ressaltando a inconsistência dessa aliança. “Resolveram aliar-se para a prefeitura com alguém que já foi prefeito por dois anos e era vice de Beto Richa”, observou.

Sua capacidade de mobilizar eleitores e suas críticas à administração vigente têm o potencial de influenciar profundamente o resultado da eleição. As próximas semanas serão cruciais para definir se Requião conseguirá consolidar sua candidatura e se suas ações resultarão na divisão do eleitorado progressista, alterando de maneira significativa o panorama eleitoral.

Da Redação