Cuba recebe demonstração de solidariedade enquanto começa a se recuperar do apagão total

Brasil de Fato

Após o apagão total que tem deixado Cuba às escuras desde sexta-feira, a ilha caribenha começou a restabelecer seu sistema elétrico em algumas áreas do país. Ainda com dificuldades, ao longo desta segunda-feira (21) o oeste do país, onde está localizada Havana, a capital onde vivem dois milhões de cubanos, começou a recuperar parte do serviço de eletricidade. 

De acordo com o ministro de Minas e Energia, Vicente de la O Levy, a conexão está sendo realizada de forma lenta para não “adicionar muita carga de forma violenta”. Isso se deve a uma mudança de estratégia implementada pelas autoridades depois que o sistema entrou em colapso total no fim de semana, após pelo menos duas tentativas de restaurar o sistema nacional de forma unificada. 

Dessa forma, as autoridades optaram por criar diferentes sistemas independentes que tentam garantir a estabilidade da eletricidade por região. Essa tarefa se tornou mais difícil com a chegada do furacão Oscar, que atingiu a parte leste do país no domingo (20).  

Nas províncias afetadas pela tempestade, espera-se que a situação climática comece a melhorar para a restauração da eletricidade, enquanto se trabalha na proteção da população dos fortes ventos e inundações. 

Apesar do progresso alcançado, o diretor geral de eletricidade do Ministério de Energia e Minas, Lázaro Guerra, advertiu que, embora tenha havido avanços na interconexão nacional, isso não garante que os efeitos sobre o serviço serão eliminados, pois há um déficit de capacidade de geração em relação à demanda, atribuída à escassez de combustível.

Expressões de solidariedade

Em referência à situação crítica na ilha caribenha, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (21) que “o embargo dos EUA contra Cuba tem causado grandes danos ao desenvolvimento econômico e social de Cuba e à vida de seu povo”.

O porta-voz também exigiu que o governo dos EUA acabe com o embargo e retire Cuba da lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo.

Lin disse que a China e Cuba “são bons amigos, bons camaradas e bons irmãos” e que Pequim “se solidariza com as dificuldades atuais de Cuba”.

“Acreditamos que, sob a firme liderança do Partido Comunista de Cuba, o povo cubano poderá, sem dúvida, superar as dificuldades temporárias e avançar a causa do socialismo”, acrescentou.

As declarações do porta-voz chinês foram feitas depois que os governos da Venezuela, México, Colômbia, Rússia e Barbados ofereceram ajuda a Cuba para lidar com a difícil situação que a ilha está enfrentando atualmente.

Nos últimos meses, a China tem trabalhado com Cuba na instalação de vários parques fotovoltaicos que podem gerar energia renovável.

Luta contra o bloqueio 

Entre as expressões de solidariedade com Cuba, a plataforma Alba Movimientos, que reúne mais de 400 organizações de 25 países, emitiu um comunicado no qual aponta as políticas de bloqueio dos EUA como a principal causa da atual crise no país. 

“Ninguém pode atribuir especificamente esse colapso virtual do sistema elétrico cubano a uma medida específica do governo dos EUA: isso seria simplista demais e não corresponde à realidade”, afirmam. E acrescentam que esse é “o resultado de uma longa estratégia de destruição planejada das condições de vida materiais e espirituais da população cubana”. 

O comunicado lembra que “as evidências disponíveis mostram que com os recursos financeiros que são negados a Cuba, em virtude da política de bloqueio, em apenas 18 dias, são acumulados danos equivalentes ao custo anual de manutenção do sistema elétrico do país”.

De acordo com as últimas estimativas da ONU, somente no período entre 2022 e 2023, o bloqueio gerou perdas de 13 milhões de dólares por dia para o Estado cubano.

Da Redação