Israel rejeita cessar-fogo, diz Líbano; situação no norte de Gaza é ‘apocalíptica’
Brasil de Fato
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, acusou Israel, nesta sexta-feira (1), de rejeitar qualquer cessar-fogo com o Hezbollah, após o exército israelense bombardear diversas cidades na região sul do país, além do Vale do Becaa, onde está situada a histórica cidade de Balbeek.
“O prolongamento, mais uma vez, da agressão do inimigo israelense contra as regiões libanesas (…) e o fato de ter atacado mais uma vez os subúrbios do sul de Beirute com operações destrutivas, constituem indicadores que confirmam a sua rejeição de todos os esforços para conseguir um cessar-fogo”, disse Mikati em comunicado.
Os diplomatas estadunidenses Amos Hochstein e Brett McGurk chegaram a Israel na última quinta-feira para buscar uma solução para a guerra no Líbano e avançar no sentido de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde Forças Armadas israelenses prosseguem o massacre contra os palestinos.
A agência nacional de notícias libanesa (NNA) relatou pelo menos dez bombardeios ao sul da capital, após Israel emitir avisos de evacuação. Os ataques destruíram “dezenas de edifícios” poucas horas depois da visita de dois emissários dos Estados Unidos a Israel.
No bairro de Kafaat, um prédio seguia em chamas, em meio a escombros e carros queimados, mergulhando os arredores em uma fumaça espessa. Ao redor, milicianos do Hezbollah vestidos de preto, alguns com metralhadoras, montaram um cordão de segurança.
Além de Balbeek, a cidade histórica de Tiro também foi atingida por bombardeios. Jeanine Hennis-Plasschaert, coordenadora especial da ONU para o Líbano, alertou no X sobre “o grande perigo” para cidades históricas como Baalbek e Tiro, ambas declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Pelo menos 1.829 pessoas morreram no Líbano desde a intensificação dos bombardeios, em setembro, segundo relatório da agência de notícias AFP baseado em dados do Ministério da Saúde libanês.
Segundo fontes citadas pela imprensa israelense, o plano elaborado pelos enviados dos EUA contempla a retirada do Hezbollah e de Israel do sul do Líbano, que seria controlado pelas forças armadas libanesas e pelos capacetes azuis da ONU. Autoridades israelenses já declararam que os seus soldados não se retirarão do sul do Líbano até que seja alcançado um acordo que satisfaça os requisitos de segurança de Israel impostos unilateralmente por eles.
Situação “apocalíptica” em Gaza
Bombardeios noturnos efetuados por Israel mataram nove pessoas no campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza, e em Nuseirat, no centro do território, informou o Ministério da Saúde do governo do Hamas.
“O necrotério do hospital Al Aqsa em Deir el-Balah”, no centro da Faixa, “está cheio de cadáveres”, disse o diretor de hospitais de campanha do ministério, Marwan al-Hams.
Gaza enfrenta uma grave crise humanitária desde que começou a guerra. A situação se tornou crítica no norte, onde Israel lançou uma nova ofensiva alegando que os combatentes do Hamas estão se reagrupando lá.
Auxílios médicos e alimentícios são cada vez mais raros de chegarem na região a cada ataque, e só há um hospital funcionando, parcialmente. Além disso, nesta semana, o Parlamento israelense (Knesset) aprovou uma lei que proíbe a agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) de trabalhar em seu território. A medida viola tratados internacionais dos quais Israel é signatário, segundo especialistas.
A situação no norte da Faixa de Gaza, confrontada com uma ofensiva israelense intensificada nas últimas semanas, é “apocalíptica” e toda a população corre “risco iminente de morte”, alertaram também nesta sexta os chefes das principais agências humanitárias da ONU.
“Toda a população palestina do norte de Gaza está em risco iminente de morte por doenças, fome e violência”, escrevem os chefes de 15 agências humanitárias da ONU, que exigem que “o Estado de Israel cesse seu ataque a Gaza e aos trabalhadores humanitários”.
*Com agência estatal do Líbano e AFP