Cerca de 300 famílias do MST ocupam fazenda em Agudos, no interior de São Paulo

Brasil de Fato

Cerca de 300 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a Fazenda Globo Suinã, localizada no município de Agudos, próximo a Bauru, em São Paulo. O objetivo da ocupação é reivindicar que as terras públicas sejam destinadas para a criação de assentamentos para as famílias que estão acampadas na região há anos.  

O local, que tem aproximadamente 850 hectares, faz parte do Núcleo Colonial Monções, que foi um conjunto de terras adquiridas pelo governo federal em 1909 para fins de colonização. O território ocupado hoje foi arrendado pela União para a sucroalcooleira Zilor Energia e Alimentos, que tem sede em Lençóis Paulista. 

De acordo com o MST, “embora as terras do Núcleo Colonial Monções já tenham sido comprovadas como públicas e parte destinada para a formação do Assentamento Zumbi do Palmares, no município de Iaras, onde moram 437 famílias, ainda existem em torno de 40 mil hectares sendo grilados por empresas, inclusive estrangeiras”.  

O Brasil de Fato solicitou um posicionamento para a Zilor Energia e Alimentos. A empresa afirmou que a Fazendo “possui casas de colônia e terras produtivas de cana-de-açúcar cultivadas por Parceiros Agrícolas”, e que está em busca “de mais informações para esclarecer os fatos da referida ocupação”.

Jornada de lutas 

A ocupação integra o Abril Vermelho, que representa uma jornada nacional de lutas que o MST faz anualmente no mês em que, em 1996, aconteceu o Massacre do Eldorado do Carajás. Neste ano, o lema da jornada é “Ocupar para o Brasil alimentar”.   

A ocupação em Agudos, assim como outras ações que o MST realiza nesta segunda-feira (15) e ao longo da semana, ocorre no momento em que movimentos populares do campo criticam a insuficiência das políticas de reforma agrária por parte do governo federal. 

Além de reivindicar maior orçamento voltado à área, o MST demanda a desburocratização do acesso de agricultores à crédito e políticas públicas e o assentamento de 65 mil famílias que vivem acampadas no país. 

“São um ano e quatro meses de governo Lula, e a gente avalia que o governo tem tomado várias iniciativas para o conjunto da população, mas para a questão agrária ainda está muito aquém”, ressalta Margarida Silva, da coordenação nacional do MST. 

Da Redação