‘Nós não queremos ser reserva, queremos ser titular’, diz Lula sobre possível entrada na Nova Rota da Seda
Brasil de Fato
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que quer discutir a entrada do Brasil na Nova Rota da Seda, a iniciativa de cooperação global promovida pela China. “Eu quero saber aonde é que a gente entra, que posição nós vamos jogar, porque nós não queremos ser reserva, nós queremos ser titular”, disse Lula em coletiva com correspondentes de mídias estrangeiras na segunda-feira (22).
Lula disse que participará da reunião anual do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em novembro no Perú. “O Brasil nunca foi convidado, mas dessa vez eu fui convidado. Aí me disseram que a China quer discutir comigo a Rota da Seda. E eu quero discutir com a China a Rota da Seda”, disse o presidente.
Essa foi a segunda vez, em menos de uma semana, que o presidente falou sobre a possibilidade de o país se somar à iniciativa chinesa que completou 10 anos em 2023. A última vez foi na sexta-feira (19), em discurso em São José dos Campos, onde o governo anunciou R$ 10,75 bilhões de investimentos do BNDES para obras e intervenções nas rodovias Dutra e Rio-Santos.
Desde a volta de Lula ao poder em 2022, a China mostra cada vez mais interesse em que o Brasil faça parte da iniciativa, que tem significado investimentos em cerca de 3 mil projetos de cooperação que somam quase US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,6 trilhões). Distribuídos pela Ásia, Europa e África, os projetos nesta primeira década têm sido principalmente de infraestrutura de transporte e energéticos.
Uma grande festa com a chegada de Xi
Lula afirmou que está otimista com a visita oficial de Xi Jinping ao Brasil, coincidindo com a reunião do G20, e que quer discutir uma parceria estratégica com a China “que envolva não apenas exportação de commodities, mas (…) uma discussão envolvendo ciência, tecnologia, envolvendo a produção de chips, de software.
“Ou seja, o que nós queremos, na verdade, é ter uma parceria estratégica que faça com que a relação Brasil-China seja infinitamente maior, mais próspera e que possa gerar emprego na China e emprego no Brasil”, explicou o mandatário.
Lula mencionou que este ano completam-se 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China e disse: “queremos fazer uma grande festa aqui no Brasil porque o presidente Xi Jinping vai vir em uma visita oficial e nós pretendemos discutir com os chineses uma nova parceria estratégica entre o Brasil e a China”.
Até o momento,152 países fazem parte da Nova Rota da Seda, também chamada de Iniciativa do Cinturão e Rota. Após a década de investimentos em grandes projetos de infraestrutura, a China afirmou no último fórum da iniciativa realizado em outubro do ano passado, que o perfil da cooperação mudará para projetos menor escala e focados em outras áreas de cooperação, como educação e energias renováveis.