Em Porto Alegre, palestra com pesquisador Carlos Nobre debate extremos climáticos
Brasil de Fato
No dia 7 de agosto, o climatologista Carlos Nobre vem a Porto Alegre para realizar a palestra “Extremos Climáticos: romper com o negacionismo, superar a crise”. O evento acontecerá às 18h, no Salão Nobre da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), localizado no Centro Histórico, Rua Sarmento Leite, n. 245. É necessário realizar a inscrição para participar por meio do formulário disponível neste link. Serão entregues certificados de participação.
A palestra, gratuita e aberta ao público, é organizada pelo mandato da deputada federal Fernanda Melchionna em conjunto com a deputada estadual Luciana Genro, ambas do Psol, e pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, em parceria com a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS).
Guardião Planetário
Carlos Nobre, reconhecido internacionalmente por suas pesquisas sobre clima e aquecimento global, atuou grande parte de sua carreira no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e se aposentou em 2012. Desde então, ele atua como cientista sênior no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP).
O climatologista é o primeiro brasileiro a integrar o grupo Planetary Guardians (Guardiões Planetários), que reúne pesquisadores e ativistas dedicados a estudos e análises sobre ação climática e proteção de comunidades vulneráveis. Em 2007, recebeu o Prêmio Nobel da Paz ao lado de cientistas da equipe internacional do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU).
Em entrevista ao Brasil de Fato em maio, Carlos Nobre falou sobre o cenário do Rio Grande do Sul, que vem passando por sucessivos eventos climáticos extremos. O pesquisador destacou que, após a grande inundação de 1941 em Porto Alegre devido ao aumento do nível do Guaíba, foi construído um muro de seis metros nas décadas de 1960 e 1970 “supostamente para proteger” a cidade. No entanto, a construção apresentou limitações e desafios ao longo dos anos.
Isso porque ao longo das décadas foram construídos portões no muro para facilitar o trânsito econômico e comercial, permitindo o uso do rio para transporte de materiais. “Grande parte da inundação ali na beira do Rio Guaíba foi de uma água que conseguiu passar por baixo desses portões”, enfatizou.
Nobre também apontou que eventos extremos, como a subida de mais de 10 metros da bacia do Rio Taquari em setembro do ano passado e, agora, de até 20 metros em alguns lugares, demonstram que “não há mais como imaginar manter todas essas populações nessas áreas de altíssimo risco”.
Ele enfatizou o gigantesco desafio que o estado enfrenta, com centenas de milhares de pessoas vivendo próximas ao nível dos rios e a falta de soluções de infraestrutura para proteger essas comunidades dos eventos climáticos extremos que se tornam mais comuns.