Conselho Eleitoral diz que votação ocorre com tranquilidade na Venezuela; eleitores se dizem animados ao votar
Brasil de Fato
As urnas na Venezuela foram abertas às 6h (7h no horário de Brasília), mas o interesse do venezuelano pelas eleições presidenciais deste domingo (28) fez com que as filas começassem a aparecer nos centros eleitorais às 5h da manhã. Muitos deles estavam votando pela primeira vez.
Enquanto isso, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) informou durante a jornada de votação que havia uma grande quantidade de eleitores e que a votação transcorria com tranquilidade.
“Às 6h da manhã estavam 100% dos técnicos em cada um dos centros eleitorais. Até agora temos 95% das mesas constituídas, é o último relatório”, informou o presidente do CNE, Elvis Amoroso.
“Temos neste momento 15.797 centros de votação ativos, 30.026 mesas de voto ativas. Temos o que a infraestrutura eleitoral deveria ter por estar funcionando perfeitamente para atender os mais de 21 milhões de eleitores”, acrescentou.
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Já nas filas de votação, os eleitores se mostraram animados ao votar. Yonathan Inardi tem 30 anos e nunca tinha participado de uma eleição antes. Ele não tinha interesse em política, mas o processo desse ano motivou a participação em uma eleição que promete ser disputada. Nicolás Maduro disputa a reeleição para o terceiro mandato e tem como principal adversário o ex-embaixador Edmundo González Urrutia.
Inardi nasceu no bairro 23 de Enero, um reduto chavista na capital Caracas. Ele disse que o contexto atual de um amplo debate em torno das eleições mudou a percepção dele sobre o processo.
“Sempre fui muito aparte da política. Mas agora me animei porque tive ideias pessoais e como vi muitos amigos se movimentando para participar isso me motivou também”, afirma ao Brasil de Fato.
Sem ter uma experiência votando, ele se surpreendeu com o sistema eleitoral. Os eleitores relataram ao Brasil de Fato que gastavam entre 15 e 30 minutos para votar em diferentes centros de votação.
Apesar da tensão envolvendo o resultado das eleições, o processo de votação foi considerado tranquilo pelos eleitores. Javier Humberto já votou 4 vezes para presidente nos seus 46 anos. Segundo ele, a sensação é de que a pressão que pairou sobre a campanha ficou fora do dia da votação. Ele explica que a participação foi parecida com outros anos.
“O venezuelano sempre participou muito das eleições. Como todo mundo pode ver, o clima é tranquilo e há uma mobilização grande pelas eleições. Comparado com outras eleições, há uma participação normal, as pessoas se animam quando chega o dia do pleito”, disse.
O colégio Palácio Fajardo é o local onde votava o ex-presidente Hugo Chávez. Chavistas se reuniram do lado de fora do colégio eleitoral para relembrar o aniversário do ex-presidente. Ele completaria 70 anos neste domingo.
Filas logo cedo
Muitos acordaram 5h da manhã. Royner Díaz é um exemplo disso. Ele saiu de casa às 5h30 e foi para o centro de votação em Sabana Grande, na região central de Caracas. A expectativa para poder votar se reflete na espera pelos resultados. Díaz disse que, mesmo sem a previsão para divulgação dos resultados, ele não vai dormir até saber quem foi eleito.
“Pelo clima que se criou, a expectativa, a espera, eu não vou conseguir dormir antes de saber isso. Não vai dar pra acordar amanhã sem saber o que aconteceu”, disse.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não divulga um tempo real da apuração. O órgão responsável pelo pleito só publica os resultados quando há um cenário irreversível, ou seja, quando já há um candidato eleito. As mesas eleitorais ficam abertas até às 18h, mas não serão fechadas antes que as filas se esgotem.
Como funciona o sistema eleitoral na Venezuela
O CNE anunciou em maio que 21,4 milhões de venezuelanos estão aptos a votar no dia 28 de julho. Cerca de 69 mil deles estão fora do país.
A eleição para presidente na Venezuela tem apenas um turno. Ganha quem tiver o maior número de votos. O mandato para o presidente é de seis anos. No país, não há limite de reeleição para presidente. O atual chefe do Executivo é Nicolás Maduro, que concorre à reeleição para o 3º mandato. Antes dele, Hugo Chávez também foi eleito três vezes, mas morreu logo no início de sua 3ª gestão, em 2013.
Para votar, é preciso ter ao menos 18 anos e o voto não é obrigatório no país. Assim como o Brasil, a Venezuela também usa a urna eletrônica, mas a diferença é que no sistema venezuelano o voto também é impresso. O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano contratou uma empresa em 2004 que desenvolveu e implementou mais de 500 mil máquinas e treinou 380 mil profissionais para operará-las.
O procedimento é simples. Os centros de votação são em escolas públicas. O eleitor entra na sala de votação, valida sua biometria e registra o voto na urna eletrônica. Ele recebe o comprovante impresso do voto, confere se está correto e o deposita em uma outra urna, onde ficam armazenados os votos em papel. Quando a votação é encerrada, o chefe da seção imprime o boletim de urna e faz a contagem dos votos impressos para conferir se estão de acordo.
Para estas eleições, estão presentes ocmo observadores internacionais diversas entidades de distintos países como delegações da ONU, do Centro Carter, dos EUA, e da União Africana.