Focos de incêndios dobraram em relação ao ano passado no Distrito Federal, mostram dados do Inpe

Brasil de Fato

O Distrito Federal enfrenta um cenário preocupante em relação aos incêndios florestais. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, no DF, foram detectados, por satélite, 105 focos de incêndio entre 1º de janeiro e 31 de julho de 2024. Em 2023, no mesmo período, foram registrados 47 focos. Os dados são do programa BDQueimadas do Inpe.

A estiagem na capital federal começa em maio e segue até setembro, período em que o alerta de emergência contra incêndios florestais se intensifica. Além disso, a baixa umidade do ar torna a vegetação mais seca e suscetível ao fogo, exigindo ainda mais atenção e cuidado da população. O Segundo Tenente David Maciel, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, explica que, neste período, também há redução do fluxo de chuvas.

“As temperaturas aumentam, e a vegetação fica mais propícia à ação do fogo, ocasionando grandes queimadas. Estamos com áreas verdes muito grandes, e o período de seca está tendendo a ser um pouco maior. Provavelmente, este ano pode ser que tenhamos mais queimadas do que no ano passado. Comparando os dados, nossa base de dados aponta que estamos com aproximadamente 5,5 mil hectares queimados até o momento, e estamos em torno de 3,8 mil ocorrências registradas em nosso controle estatístico”, diz.

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, a principal causa dos incêndios é a ação humana, seja por negligência ou por ações intencionais. Queimas de lixo, pastagens e terrenos baldios, fogueiras mal apagadas e disputas por territórios são os principais motivos para o início das chamas.

Para o professor Reginaldo Sérgio Pereira, do Departamento de Engenharia Florestal da UnB, “há várias razões para o surgimento do fogo, mas mais de 95% das causas são atividades antrópicas, como a queima de resíduos e ações de piromaníacos, que são pessoas que colocam fogo de forma intencional, achando bonito, o que pode causar um prejuízo ao nosso patrimônio florestal e ao bioma.”

Brasília Ambiental

Outro dado em relação as queimadas é do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Segundo o órgão, foram registradas 213 áreas queimadas no Distrito Federal de janeiro a julho. A área chega a 905,85 hectares. Em todo 2023, foram 357 registros de áreas queimadas, que atingiram 972,1 hectares. A pasta ainda informa que essas informações são obtidas por meio de imagens de satélite (Satélite Sentinela II), desde 2014.

O presidente do Ibram, Roney Neymer, informa que foram contratados 150 brigadistas florestais no mês de junho. “Também realizamos algumas ações de conscientização com as crianças. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) nos ajudou em alguns postos de gasolina das principais rodovias, a gente desviava o carro para criança falar com o adulto a importância de cuidar de não jogar bituca de cigarro para fora do carro”,

Medidas de prevenção

Nesse cenário, a prevenção pode ser a melhor saída. Um dos métodos utilizados no DF é o aceiro negro, técnica que consiste em realizar a queima controlada da área que circunda propriedades rurais e unidades de conservação. A ação consiste na retirada do material combustível, ou seja, na utilização do fogo para queimar a vegetação nessa faixa de domínio entre a rodovia e as unidades de conservação.

Diego Miranda, Gerente de Preservação e Combate a Incêndios Florestais do Jardim Botânico de Brasília, que o fogo consome essa vegetação seca, formando uma espécie de mosaico, dificultando que um incêndio oriundo de fora da unidade adentre tão facilmente utilizando essa faixa de vegetação como ponto focal.


Aceiro negro Ibram DF / Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

O professor Reginaldo Sérgio Pereira, do Departamento de Engenharia Florestal da UnB, também comenta que, no Cerrado, há uma facilidade maior de aplicar o fogo uma vez que é um bioma resiliente. “O fogo já é uma ocorrência natural no Cerrado. Quando aplicamos o fogo, sabemos que ele vai se recuperar mais rapidamente do que em outros biomas do Brasil. Já é uma cultura que temos aqui no Brasil, realizar esse manejo integrado do fogo. Não vamos degradar o Cerrado; ele é resiliente. Queimamos essa massa de material fino que está ali para reduzir o acúmulo de combustível.”

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Da Redação