União Brasil fecha acordo em troca de apoio a Ricardo Nunes em São Paulo; saiba o que está em jogo
Brasil de Fato
O União Brasil fechou o apoio ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição. Em troca, o partido deseja o poder de decidir quem chefiará três pastas do município em um eventual segundo mandato, incluindo a Secretaria Mobilidade e Trânsito, sobre a qual já tem grande influência.
Também caberá ao partido indicar nomes para as subprefeituras de São Paulo. De acordo com fontes que expuseram ao Brasil de Fato os bastidores da articulação, o União Brasil terá influência sobre uma das 32 subprefeituras para cada vereador eleito pelo partido. Hoje, a legenda tem uma bancada de sete vereadores.
A costura envolveu o aval do tesoureiro do União Brasil e presidente da Câmara, Milton Leite, que tem grande influência entre os vereadores e a Prefeitura. Leite é o responsável por garantir a aprovação de projetos do executivo municipal articulando siglas de diferentes espectros políticos. Lançar uma candidatura para a gestão paulistana passa necessariamente por garantir o apoio de Leite e de seu partido.
Logo após a convenção do PL, em 22 de junho, Ricardo Nunes falou sobre algumas demandas em jogo entre as legendas. “Ele [Milton Leite] tem falado que seria importante ter uma secretaria de Defesa Animal e que a secretaria de Mananciais seja uma secretaria separada da de Habitação”, comentou. “Dependendo daquilo que o nosso grupo de trabalho e programa de governo definir, a gente pode avançar ou não”.
Pouco antes, Leite havia dito que a relação com Ricardo Nunes estava consideravelmente melhor. “As coisas foram bem. Vamos continuar conversando, mas as coisas melhoraram. O ambiente que estava péssimo caminha para 90% bom”, disse Leite ao Metrópoles. Com o apoio, o União Brasil terminou de rifar a remota candidatura do deputado federal Kim Kataguiri, que desejava se lançar na corrida eleitoral.
Governo do estado
A articulação pelo apoio do União Brasil também passou pela possibilidade de indicar determinados cargos para esfera estadual, governada por Tarcísio de Freitas (Republicanos). A relação entre Milton Leite e o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), no entanto, é frágil e intransponível à indicação de nomes para o estado.
Assim que foi eleito, Tarcísio de Freitas prometeu blindar as pastas estaduais e desalojar as pessoas próximas de Milton Leite da Secretaria de Transporte e Logística, que possui alguns dos maiores contratos de obras do governo.
O vereador teve mais influência sobre as secretarias do estado principalmente durante o governo de João Doria. A relação começou a se desgastar com o PSDB, que chefiou o estado por anos, quando o então candidato à reeleição na capital, o prefeito Bruno Covas, escolheu Ricardo Nunes para ocupar a vaga de vice em sua chapa, e não o União Brasil.
Com Tarcísio, a situação piorou especialmente depois que o governador e o ex-presidente Jair Bolsonaro fecharam acordo para nomear Ricardo Nascimento de Mello Araújo, coronel da reserva e ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, parte do batalhão de choque de SP), para ser vice de Ricardo Nunes, em detrimento de Milton Leite.
A convenção para oficializar a candidatura de Ricardo Nunes à corrida pela reeleição ocorre na manhã próximo sábado (3), na área externa da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), e deve contar com a presença de Bolsonaro. À tarde, o União Brasil se reúne com o atual prefeito para sacramentar o apoio.