Pesquisa mostra perfil de público da Parada LGBTQIA+ de Brasília

Brasil de Fato

O Distrito Drag foi o palco da divulgação dos dados preliminares do MAPALGBT do Distrito Federal, um mapeamento que destaca os diversos espaços LGBT+ na região. A apresentação dos dados ocorreu na terça-feira (30), dois depois da 25ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Brasília, realizada no dia 28 de julho, onde houve a coleta de informações.

O estudo, realizado pelo VoteLGBT, abrange uma variedade de locais, incluindo grupos de ativismo, bares, centros de saúde, locais de fé e dados sobre o conhecimento político de 492 pessoas que fizeram parte da amostragem.

“Nossa expectativa é não só evidenciar a riqueza e diversidade das comunidades LGBT+ locais, mas também fortalecer as bases para uma participação política mais ativa e representativa. O Distrito Federal é uma região de intensa luta e resistência, e estamos aqui para amplificar essas vozes, colaborando com instituições locais para transformar esse engajamento em ocupação dos espaços de poder e tomada de decisão”, declara Gui Mohallem, da Diretoria Executiva do VoteLGBT.

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O evento também marcou a comemoração dos 10 anos do VoteLGBT com o trabalho de promover a visibilidade e o suporte à comunidade LGBT+. “Estamos celebrando uma década de trabalho e compromisso com a nossa comunidade. Continuaremos a lutar por maior representação e apoio para a nossa causa”, afirma Bru Pereira, coordenação do VoteLGBT+.

Mapeamento político e cultural

O Mapa LGBT+ é uma plataforma colaborativa destinada a mapear e disponibilizar informações sobre espaços e recursos relevantes para a população LGBT+. Cultura, sociabilidade, religião, esporte e política são algumas das categorias abordadas nessa cartografia.

A pesquisa realizada durante a Parada de Brasília revelou um perfil diversificado dos participantes. Mais de 50% das pessoas entrevistadas possuem menos de 29 anos, logo a pesquisa reflete uma predominância jovem, semelhante a outras grandes paradas pelo Brasil. No entanto, o estudo revelou diferenças notáveis em relação a outras marchas.

De acordo com Samuel Araújo, demógrafo e responsável pela pesquisa direta, o Distrito Federal se destaca em relação aos outros estados em itens como nível de escolaridade, renda e raça.

“Em geral, nas outras Paradas costumamos ver um percentual de pessoas brancas mais presente. Em Brasília, esse percentual foi de 29% e temos uma quantidade majoritária de 41,3% das pessoas se auto identificando como pardas e 23% se identificando como pretas, o que dá aproximadamente 64% de pessoas caracterizadas como negras.”

Além disso também, quando a gente olha para escolaridade e renda, a gente vê que existe uma heterogeneidade, então a gente não pode falar, como a gente fala em outras Paradas, que as outras Paradas em geral São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis, que são as que a gente tem mais costume de fazer, a gente costuma ver, por exemplo, uma quantidade de pessoas que estão fazendo superior incompleto, que seriam as pessoas estudantes universitárias, elite, compõem a maioria, então estudantes universitários, superior, completo, pós-graduação, em geral são os que aparecem mais.

A pesquisa revela também que 48% dos participantes estão interessados ou muito interessados em política, mas 33% registraram que nunca discutem assuntos políticos com amigos e 42% não estão envolvidos com organizações ou movimentos.

“Embora haja um interesse considerável em votar em candidatos LGBT+, há uma lacuna significativa entre a intenção e a ação. 46,5% dos participantes não souberam de nenhuma candidatura LGBT+ nas eleições de 2022″, ressaltou Araújo. Ele também mencionou que, entre os que conheciam candidaturas LGBT+, 21% não votaram nelas, evidenciando uma necessidade de maior visibilidade e engajamento político.”

Bru Pereira destaca que para a realização da pesquisa, houve a elaboração de questionário que abrangesse as principais questões já trabalhadas em censos anteriores voltadas para o público. “A metodologia envolve a criação de um questionário específico, desenvolvido por um demógrafo experiente, que é testado pela equipe para garantir clareza e abrangência. Pesquisadores locais, como os do coletivo Força Trans no DF, são contratados para aplicar o questionário durante os eventos. A amostragem é feita de forma a garantir validade estatística, considerando a falta de dados oficiais sobre a população LGBT+. A abordagem utiliza técnicas de sondagem para assegurar a aleatoriedade da amostra”, explica.

Inclusão nas Áreas Periféricas

O projeto oferece uma visão detalhada dos locais LGBT+ no Distrito Federal, revelando uma concentração significativa desses espaços no Plano Piloto. O mapeamento foi conduzido com o objetivo de entender a distribuição desses espaços e apoiar a reivindicação de melhores condições e recursos para a comunidade LGBT+ em regiões menos favorecidas, principalmente considerando que Brasília é uma cidade marcada por níveis de segregação territorial.

A coordenação do VoteLGBT destaca que o mapeamento servirá como uma ferramenta para fomentar reivindicações e apoiar a inclusão de mais espaços LGBT+ fora das áreas centrais e que está focada em usar esses dados para fomentar reivindicações e apoiar a criação de novos espaços e iniciativas político-culturais nas áreas periféricas. “A concentração de espaços no Plano Piloto evidencia uma desigualdade no acesso a recursos e locais de sociabilidade para a comunidade LGBT+ nas áreas periféricas”, observou Bru Pereira.

Festival de Curtas


Cerimônia de apresentação do MAPALGBT+ e Festival de Curtas / Foto:Mayra Souza

Durante a cerimônia de apresentação dos dados do Mapa LGBT, foram anunciados os vencedores do Festival de Curtas VOTELGBT do Distrito Federal, um evento que destacou produções cinematográficas com temática LGBT+. A plataforma de streaming LGBTflix foi destacada como uma das favoritas entre o público LGBT+, reafirmando seu papel importante na disseminação de conteúdo voltado para a comunidade.

O prêmio de 1º Lugar foi para o curta “Aliadas na Resistência: Uma Mostra do Passado, Presente e Futuro da Luta Sapatão em Brasília”. O filme, dirigido por Sandy Larissa e Rayara Toledo (@coturnodevenus), explora a profunda amizade entre Melissa e Joelma, ilustrando como o amor por mulheres transcende o amor romântico e reflete um compromisso com a liberdade e igualdade para todas.

O 2º Lugar foi conquistado por “Deus Ama Todas as Pessoas”, dirigido por Marcos Paulo. Este curta-metragem destaca a visão inclusiva do amor incondicional de Deus, abrangendo todas as identidades e orientações sexuais, incluindo a comunidade LGBTQIAPN+.

O 3º Lugar foi atribuído a “Qual a Sua Parada”, um projeto dirigido por Carmela e Bruno Henrique Souza. O filme aborda o local onde o indígena Galdino foi assassinado, utilizando a figura da apresentadora e drag Carmela para tentar reverter o sentimento de ódio associado ao lugar.

Além disso, a Menção Honrosa foi concedida a “Bike Sapatão”, dirigido por Ana Beatriz Sanches Catelan, reconhecendo a contribuição significativa deste curta para a visibilidade e discussão sobre questões sapatonas.

Os vencedores foram premiados com valores de R$ 1.000, R$ 700 e R$ 300, respectivamente, celebrando suas contribuições para a representação e discussão das experiências LGBT+.

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Da Redação