Edmundo González desobedece convocação judicial sobre eleição na Venezuela e manda representante

Brasil de Fato

O ex-candidato da oposição Edmundo González Urrutia não se apresentou ao Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) nesta quarta-feira (7) e enviou como representante o governador de Zulia, Manuel Rosales. Em discurso depois da seção, Rosales disse que a oposição “não precisa entregar nada” e exigiu a entrega das atas eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

O objetivo do TSJ era ouvir todos os candidatos sobre o processo eleitoral, e partiu da denúncia de ataques ao sistema eleitoral venezuelano. O CNE denunciou uma interferência no sistema eletrônico durante a apuração dos votos que teria impedido a transmissão dos resultados para a sistematização. O órgão afirmou que isso está atrasando a divulgação dos resultados e das atas eleitorais. 

González já havia avisado que faltaria à convocação feita pela Justiça. Em documento publicado na manhã desta segunda, ele disse que, se fosse ao TSJ, estaria em uma situação de “vulnerabilidade”.

“Se eu for à Sala Eleitoral do TSJ nestas condições, estarei em absoluta vulnerabilidade devido ao desamparo e à violação do devido processo, e colocarei em risco não só a minha liberdade mas, mais importante ainda, a vontade do povo venezuelano expressa em julho”, afirmou no documento. 

 

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Em declaração depois da audiência, o representante da oposição Manuel Rosales pediu “respeito ao voto” e exigiu a publicação das atas. Mesmo afirmando ter recolhido parte das atas que dariam a vitória à Plataforma Unitária, ele disse que a oposição não precisa apresentar à Justiça as atas que estão com o partido. 

“Aproveitamos essa audiência para exigir ao CNE a publicação das atas definitivas do processo eleitoral de 28 de julho. Que se reflita a massiva participação dos venezuelanos. Aspiramos que a partir dessa publicação, se declare e se estabeleça os resultados definitivos de 28 de julho”, afirmou. 

Ele destacou que a questão deve ser resolvida pela Justiça venezuelana. “É uma controvérsia legal, que não cabe a nós, é competência da Sala Eleitoral. O CNE tem a responsabilidade e deve publicar as atas”, disse. 

A oposição afirma ter mais de 70% das atas e que isso garantiria a vitória de Edmundo González Urrutia. Antes mesmo da divulgação dos resultados, a ex-deputada ultraliberal María Corina Machado já havia dito que “González Urrutia teve 70% dos votos e Nicolás Maduro 30%”. O presidente Nicolás Maduro foi declarado reeleito para um terceiro mandato, com 6,4 milhões de votos (51,97%) contra 5,3 milhões (43,18%) do opositor González com 96,87% das urnas apuradas. 

O TSJ deu 72 horas para que o CNE entregasse as atas eleitorais à Justiça. Na segunda-feira (5), o órgão eleitoral apresentou os documentos, que começaram a ser analisados pela Sala Eleitoral.

Nesse meio tempo, o candidato derrotado nas eleições publicou nota nas redes sociais pedindo que militares do país “desobedeçam ordens” e “respeitem o resultado das eleições”. No texto, Edmundo González autoproclama presidente da Venezuela.  

Quem é Manuel Rosales

O governador de Zulia foi o escolhido para representar González depois que o ex-embaixador já tinha faltado em reunião no Tribunal Supremo de Justiça do país. A seção da mais alta corte do Judiciário venezuelano era oportunidade para a apresentação de provas, na abertura das investigações sobre o resultado do pleito. 

Rosales já disputou as eleições venezuelanas em 2006 contra o ex-presidente Hugo Chávez, mas perdeu a disputa. Em 2024, ele chegou a se registrar como candidato pelo partido Un Novo Tiempo, mas desistiu depois de uma queda de braço contra a ultraliberal María Corina Machado. Ela queria evitar que Rosales fosse o concorrente forte da direita na disputa para indicar um candidato que fosse seu apadrinhado na disputa. 

Depois de três reuniões entre eles, Rosales cedeu e abandonou a disputa. Mais tarde, ele demonstrou apoio por Urrutia, mas não foi cabo eleitoral para o ex-embaixador.  

Da Redação