População poderá participar da elaboração do Plano Municipal de Arborização Urbana de BH

Brasil de Fato

Após a apresentação de um diagnóstico, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) deu início às discussões para construção do Plano Municipal de Arborização Urbana, anunciado no Dia Mundial do Meio Ambiente. O documento, que foi apresentado nos dias 8 e 9 de agosto, levanta todas as interfaces do executivo com o tema, da rotina de procedimentos de solicitação de serviços à atuação de cada secretaria. 

“É para não ficarmos apenas correndo para apagar incêndio, mas também ter um critério bem estabelecido de como se dá a poda, a supressão, e também o plantio, fazendo acompanhamento. O principal desafio da cidade é resgatar a cidade jardim, com uma arborização robusta. Uma cidade resiliente que absorva mais carbono da atmosfera”, aponta Daniel Wardill, integrante da Frente em Defesa das Matas, Serras e Águas de BH, iniciativa que levantou o debate na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH).

Participação popular

A PBH precisa entregar o plano no aniversário de Belo Horizonte, no dia 12 de dezembro. Para cumprir a meta, foram criados grupos temáticos que discutirão, com a participação da sociedade civil, todas as questões que envolvem a arborização na cidade a partir dos tópicos presentes no diagnóstico. 

“Vamos ouvir as demandas, as críticas, os olhares e diferentes pontos de vista sobre a arborização. Vamos consultar as universidades, as pesquisas da própria prefeitura nas equipes de manejo, as secretarias internas e profissionais de seis capitais que já fizeram seus planos”, explica Edinilson dos Santos, engenheiro florestal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de BH e um dos coordenadores do grupo de elaboração do plano. 

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Segundo ele, a partir do diálogo com esses diferentes entes, o documento será elaborado com as diretrizes propostas para gestão da arborização nos próximos anos, com ações prioritárias para resolver problemas imediatos e medidas de longo prazo. 

Desafios cotidianos

Algumas urgências da cidade, de acordo com o engenheiro, são a melhoria das ofertas de serviço, o aumento da cobertura vegetal e a proposição de formas de manejar árvores para proporcionar o máximo de benefício e o mínimo de desconforto em relação à queda de galhos, queda da própria árvore e acidentes com interrupções de energia elétrica. 

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“São os conflitos que a população, de uma forma geral, cobra. Precisamos rever e vamos ver como vai ser a gestão daqui para frente. Hoje, ela é bastante fragmentada, existem vários órgãos que atuam sobre a arborização e nem sempre eles são articulados. Não tem um orçamento específico para o tema. A ideia é organizar isso, para que a gente potencialize tudo que a gente tem de bom”, aponta Ednilson. 

Arborização desigual

Na avaliação do engenheiro florestal, um dos principais desafios da capital mineira é distribuir a arborização de uma forma socialmente justa para toda população. É o que também aponta o diagnóstico feito pela PBH. 

Segundo o documento, a cobertura arbóreo-arbustiva total do município é de 50,89 km², o que corresponde a aproximadamente a 15% do território. O levantamento coloca, como parâmetro de comparação, Brasília, a capital considerada a mais arborizada do Brasil, que possui aproximadamente 31% de área verde. 

Desse total de quase 51 km² em Belo Horizonte, apenas 1,2 km² estão inseridos em unidades de conservação, ou seja, menos de 0,5% da área total da cidade. 

Quando analisada a distribuição da cobertura arbóreo-arbustiva pelas regiões administrativas, o resultado aponta que a Região Norte é a que tem a maior cobertura em relação à extensão do seu território. Já as regiões Oeste e Noroeste destacam-se pelos baixos valores. 


Foto: Reprodução/Diagnóstico da Arborização Urbana de Belo Horizonte/PBH

“De uma forma geral, as regionais mais carentes [Noroeste e Oeste] são as duas que talvez a gente tenha que dar mais atenção. Mas o fato de simplesmente identificar onde tem mais carência por si só não quer dizer muita coisa. A gente tem que identificar o porquê. Basicamente a própria formação dos bairros, a infraestrutura, o uso e ocupação deles, é que permitem ou não uma melhor cobertura”, analisa o coordenador do plano. 

Outra questão importante a ser observada, segundo o Ednilson, é a distribuição das áreas verdes nos parques, que muitas vezes estão concentrados em uma regional e esse fator faz com que uma região tenha mais cobertura vegetal do que a outra. 

“Tudo vai ser levado em consideração, para tentar melhorar essa distribuição ao longo do tempo, mesmo porque isso demora bastante tempo. Mas, se não definirmos propostas efetivas que possam ser medidas e monitoradas, dificilmente alcançaremos os objetivos”, observa. 

Da Redação