Bolsonaro e aliados sobem tom contra Moraes no 7 de Setembro; Nunes e Marçal marcaram presença

Brasil de Fato

A manifestação bolsonarista na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), em comemoração ao 7 de Setembro, foi marcada pelo ataque estridente à democracia brasileira e seus representantes.  

Foram feitos pedidos de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, homenagens ao bilionário Elon Musk, ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Os políticos presentes também falaram em “ditadura” do governo Lula, consórcio comunista e perseguição política e fizeram a defesa de Israel. Fora do trio elétrico, os apoiadores carregavam faixas no mesmo tom. 


Cartazes pediam o impeachment de Alexandre de Moraes / Caroline Oliveira/Brasil de Fato

O candidato à reeleição pela Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), esteve presente no ato, mas não falou ao microfone e preferiu não aparecer ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O candidato também bolsonarista Pablo Marçal (PRTB) chegou no final do evento, para o qual foi convidado por Bolsonaro, mas foi impedido de subir no trio, conforme informou a sua assessoria. Ele ovacionado por apoiadores de Bolsonaro.  

Durante a sua fala, o ex-presidente voltou a questionar o resultado das eleições de 2022, que deu a vitória à Lula. “As eleições foram totalmente conduzidas de forma parcial por Alexandre de Moraes. A gente não consegue entender como aquele que, segundo o TSE [Tribunal Superior Eleitoral], perdeu as eleições, arrasta multidões”, disse Bolsonaro.  

Ele também relembrou a facada que sofreu em setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG), durante uma agenda de campanha. “Se aquela facada que eu tomei no dia 6 de setembro pelo integrante do Psol fosse fatal, Haddad seria presidente da República e eu teria sido enterrado como mandante da morte de Marielle Franco. Essa verdade eles não querem. Eles querem é censurar a verdade”, disse, apesar de a Justiça já ter concluído que Adélio Bispo, responsável pela facada, não tem nenhuma questão com o partido citado por Bolsonaro.  


Os bolsonaristas também saíram em defesa de Elon Musk, o dono do X, antigo Twitter / Caroline Oliveira/Brasil de Fato

Os ataques, no entanto, começaram cerca de uma hora antes, com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que endereçou um recado a Pacheco e convocou os manifestantes a apoiarem quatro bandeiras: o “fim da perseguição aos inocentes e das prisões políticas”; a anistia para os presos que invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, em Brasília (DF), em 8 de janeiro do ano passado; o encerramento dos inquéritos relatados por Moraes no STF; e o impeachment do ministro.  

“Nós preferimos a lágrima da derrota do que no futuro olhar nos olhos dos nossos filhos e dizer que vivemos numa ditadura”, disse o filho de Bolsonaro, que estava acompanhado de seus irmãos, Carlos e Flávio.  

Eduardo também associou Moraes à psicopatia ao afirmar que o “psicopata não tem piedade” e é “incapaz de se colocar no lugar do outro”. Depois, disse que o ministro “se expõe para acabar com a liberdade no país” e citou as decisões contra a rede social X e o bilionário Elon Musk.  

“Talvez seja por isso que Elon Musk, um bilionário da tecnologia, não recua. Ele entende que a liberdade de expressão vai além dos interesses financeiros”, afirmou o deputado. “Cada um de nós temos o mesmo espírito de Elon Musk. Todos nós preferimos perder tudo o que temos do que, no futuro, olhar para os nossos filhos e dizer que vivemos numa ditadura porque seus pais optaram por uma omissão”, concluiu.

O antigo Twitter está suspenso no país por determinação de Moraes, depois que Musk se recusou a nomear um representante legal da empresa no Brasil. Segundo a legislação brasileira, uma empresa não pode atuar no país sem representante legal, uma vez que a Justiça precisa ter a quem se dirigir em caso de intimações, por exemplo. A decisão do ministro ocorreu depois que a empresa anunciou o fechamento do escritório no Brasil, demitindo cerca de 40 funcionários.  


Cartaz com dizeres contra Alexandre de Moraes / Caroline Oliveira/Brasil de Fato

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também esteve presente e manteve o tom alto dos ataques, chamando Moraes de “um criminoso que usa de seus poderes a qualquer preço”. “Quando ele derruba o X, ele impede não só a nossa voz, mas todas as vozes. O ministro Alexandre de Moraes deveria ser chamado de ‘Mimado de Moraes'”, afirmou o parlamentar.  

Apesar de ter marcado presença, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) manteve um tom mais ameno do que os seus aliados. Ainda assim, não poupou tempo para defender os golpistas do 8 de janeiro e, num tom saudosista, lembrar o governo Bolsonaro.  

“Quanta saudade eu tenho do período Bolsonaro. (…) Anistia é um remédio político. O Congresso pode nos dar o remédio. Nós estamos ao lado do povo. As famílias dos presos políticos nos importam”, afirmou o governador. 

O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores da manifestação, foi uma das vozes mais estridentes contra Moraes. Ele misturou falas religiosas de tom messiânico com ataques ao ministro.  

“Moraes preside o inquérito imoral e ilegal das fake news. Ilegal e imoral porque Alexandre Moraes rasga a legislação. Quem prega o fechamento do STF é um idiota. Quem prega o fechamento do STF é o PT. Alexandre de Moraes tem que sofrer impeachment e ir para a cadeia. Lugar de criminoso é na cadeia”, disse o bolsonarista. 

Ele ainda afirmou que Moraes é a “raposa tomando conta do galinheiro” e questionou: “Que liberdade é essa, onde um ministro rasga as leis, prende inocente, censura parlamentares, jornalistas foragidos? O povo é o supremo poder de uma nação.” 

Da Redação