Fundo eleitoral: distribuição de recursos indica que PT priorizou candidaturas de Natália Bonavides e Maria do Rosário
Brasil de Fato
Levantamento feito pelo Brasil de Fato mostra que as candidatas Natália Bonavides (PT) e Maria do Rosário (PT), que disputam as prefeituras de Natal (RN) e Porto Alegre (RS), respectivamente, receberam mais recursos do Fundo Eleitoral do PT em proporção à população de suas cidades.
A média de recurso recebido por Bonavides e Rosário, dividido pela população de cada município, é de R$ 5,32 e R$ 3,71 por habitante da capital. A primeira, recebeu R$ 4 milhões e a segunda, R$ 4,9 milhões.
Bonavides está empatada tecnicamente em segundo lugar, com Paulinho Freire (UB), que tem 15% contra 14% da petista. O ex-prefeito Carlos Eduardo (PSD) lidera a corrida eleitoral pelo governo local com 44%.
Maria do Rosário chegou a aparecer em primeiro lugar. Porém, pesquisas recentes mostram a petista em segundo lugar, atrás do atual prefeito, Sebastião Mello (MDB), que tenta a reeleição.
Noiminalmente, o petista com mais acesso a recursos do partido é Rogério Correia, candidato à prefeitura de Belo Horizonte.
As duas piores médias, entre os candidatos petistas nas capitais, são de Marcelo Ramos, que disputa a prefeitura de Manaus (AM) e Lela, que tenta se eleger prefeito de Florianópolis (SC). Os candidatos receberam R$ 0,96 e R$ 0,59 por habitante do município.
Concentração em São Paulo
O deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (Psol) recebeu R$ 30 milhões do fundo eleitoral do PT, segundo dados da Justiça Eleitoral.
Levantamento feito pelo Brasil de Fato mostra que as 12 candidaturas petistas que disputarão as capitais brasileiras receberam, somadas, R$ 31,3 milhões do PT em recursos do Fundo Eleitoral.
Guilherme Boulos, candidato pelo Psol, que conta com o apoio do PT na capital paulista, recebeu R$ 2,62 em média por habitante de São Paulo.
Para o cientista político Cláudio Couto, “candidatos petistas estão sendo muito subfinanciados”.
“Por exemplo”, continua Couto, “Florianópolis deve ser descartável para o partido, porque esse valor é irrisório. Claramente o PT decidiu não gastar recurso com Florianópolis. O PT deve fazer o cálculo dessa maneira, não vai gastar bala onde não tem chance.”
“O problema está menos nos recursos destinados a São Paulo e mais nos baixos recursos destinados aos petistas. Porto Alegre, por exemplo, onde a Maria do Rosário tem chances reais, talvez mais que o Boulos, poderia receber mais recursos”, explicou o cientista político, que defende o investimento em Boulos.
“São Paulo requer mais recursos mesmo, é uma eleição mais vitrine. O PT pela primeira vez abre mão de um candidato próprio, é comum se dizer que o Boulos é ‘o mais petista dos psolistas’. Consequentemente, você acaba tendo a priorização do Boulos, porque se a esquerda ganha São Paulo, é fundamental para a conjuntura política que vivemos, é a cidade mais importante do país, pela economia e seu tamanho”, finaliza Couto.
Confira abaixo a relação com os recursos que as candidaturas petistas receberam do Fundo Eleitoral:
Natália Bonavides – Natal (RN)
Valor: R$ 4.000.000,00
Média: R$ 5,32
Maria do Rosário – Porto Alegre (RS)
Valor: R$ 4.947.289,56
Média: R$ 3,71
Lúdio – Cuiabá (MT)
Valor: R$ 2.400.000,00
Média: R$ 3,68
Candisse Carvalho – Aracaju (SE)
Valor: R$ 1.600.000,00
Média: R$ 2,65
João Coser – Vitória (ES)
Valor: R$ 837.675,00
Média: R$ 2,59
Adriana Accorsi – Goiânia (GO)
Valor: R$ 3.392.326,10
Média: R$ 2,36 por habitante
Camila Jara – Campo Grande (MS)
Valor: R$ 2.002.703,35
Média: R$ 2,22
Rogério Correa – Belo Horizonte (MG)
Valor: R$ 5.000.000,00
Média: R$ 2,15
Fábio Novo – Teresina (PI)
Valor: R$ 1.500.000,00
Média: R$ 1,73
Evandro Leitão – Fortaleza (CE)
Valor: R$ 3.350.000,00
Média: R$ 1,37
Marcelo Ramos – Manaus (AM)
Valor: R$ 1.995.238,69
Média: R$ 0,96
Lela – Florianópolis (SC)
Valor: R$ 320.000,00
Média: R$ 0,59
Este texto faz parte da coluna Nota Política, produzida pelo jornalista Igor Carvalho. Clique aqui para acessar.