História de luta do MST no Ceará será tema do ‘Arraiá Pula Fogueira’ no São João 2025
Brasil de Fato
Em 1984, um grupo de trabalhadores rurais que protagonizavam a luta pela terra no Brasil realizou o 1° Encontro Nacional na cidade de Cascavel, no Paraná. Dali, decidiram fundar um movimento camponês e popular que ficaria muito conhecido não apenas pelos brasileiros, mas também mundialmente: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.
Desde então aquele grupo de Sem Terra foi crescendo, se desenvolvendo e se qualificando, e se tornou um dos maiores movimentos populares do mundo com suas mais de 400 mil famílias assentadas Brasil, carregando a bandeira da luta pela terra, pela reforma agrária e transformações sociais.
Neste sentido, para celebrar as mais de quatro décadas de fundação do MST no Brasil e 36 anos no Ceará, o Coletivo de Jovens Arraiá Pula Fogueira apresentou seu projeto com o tema para o São João 2025: “MST 41 anos no Brasil e 36 no Ceará: Luta e Resistência Popular”. A atividade aconteceu no último sábado (21), no Assentamento 25 de Maio, o primeiro assentamento do MST no Ceará, em Paus Brancos.
O evento foi uma realização do Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, com apoio do Instituto Pula Fogueira e do Instituto Dragão do Mar – IDM, Secretaria da Cultura do Estado do Ceará e Governo do Estado do Ceará.
Clarice Rodrigues, da Coordenação do Centro Frei Humberto, acrescenta que “o projeto será um espetáculo, que trará nos palcos das avenidas onde passarmos a história do maior movimento popular camponês da América Latina”, diz. “É uma forma diferente de abordar a história do MST, por meio das festas juninas, com muita mística, e trazer para essa nova geração todo processo e dificuldades vivenciado pelo povo sertanejo e também as conquistas, a solidariedade do povo Sem Terra no Brasil e no Ceará”, completa.
André acrescenta que a responsabilidade e o desafio são enormes. “Será, por tanto, um desafio. Somos o primeiro grupo junino a trabalhar de forma lúdica uma história que é pouco contada para as gerações atuais, portanto esse projeto é uma oportunidade para toda a comunidade local, para o Ceará e para o Brasil conhecer a história dos camponeses que lutam pela terra”.
Além dessa atividade, o grupo Junino Arraiá Pula Fogueira já está se preparando, comprando figurino, adquirindo instrumentos novos para seu grupo regional Chama da Fogueira que vai realizar diversas ações de organização e mobilização da juventude local. O grupo está se preparando para participar do VII Congresso Nacional do MST que ocorrerá em Brasília em julho de 2025, levando seu espetáculo.
Uma história de luta
A luta do MST visa uma sociedade melhor para todas as pessoas. Além da conquista da terra, o movimento produz (e quer produzir ainda mais) alimentos saudáveis para toda a população, para a merenda escolar e para os moradores das periferias. Ao contrário do agronegócio, o objetivo do movimento não é o lucro, e sim acabar com a fome e melhorar a qualidade de vida das pessoas do campo e da cidade.
Para André Luís Viana Ferreira, da coordenação do Instituto Pula Fogueira, contar a história do MST é lembrar da luta dos camponeses para sobreviver no sertão cearense. “É rememorar as grandes secas, que até hoje assolam a região do sertão, assim como a luta pela convivência no Semiárido, pelos camponeses Sem Terra do primeiro Assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST-CE”.
Luz Marin, da Coordenação do Setor de Cultura do MST-CE informa que é preciso reforçar e afirmar de qual lado da luta o MST está. “É preciso afirmar cada vez mais e dizer que não devemos ter dúvida sobre qual lado devemos estar, pois, afinal, somos todos classe trabalhadora. Somos Sem Terra, a favor de uma sociedade mais justa e igualitária para todos os povos urbanos e rurais, das águas e das florestas. A luta é nossa força! A organização é nosso chão e a sociedade justa, solidária e socialista é nosso caminho”, conclui Marin.