UFRGS exibe nesta quinta (3) filmes que discutem meio ambiente, resistência, identidade e violência de gênero
Brasil de Fato
A Sala Redenção, cinema da UFRGS no campus do centro de Porto Alegre, receberá nesta quinta-feira (3) duas programações gratuitas para discutir sobre a devastação dos biomas brasileiros, reforma agrária, preservação ambiental, identidades sociais, identidade e violência de gênero, resistência, direitos fundamentais e exclusão da comunidade trans em nossa sociedade. Após a exibição das películas serão feitas rodas de conversas com o público presente.
O primeiro filme, Sobreviventes do Pampa, será exibido às 16h. A sessão é apresentada em parceria com o BiMa-Lab (Laboratório de Evolução, Sistemática e Ecologia de Aves e Mamíferos) e a Atama Filmes em comemoração ao Dia Nacional da Natureza, celebrado em 4 de outubro. Ao final da apresentação, o bate-papo será com pesquisadores do Instituto de Biociências.
Produzido pela Atama Filmes em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura do RS (Sedac), Sobreviventes do Pampa apresenta a rica biodiversidade do bioma pampa, ao mesmo tempo que expõe e condena a sua acelerada degradação. A película percorre 13 municípios gaúchos, acompanhando diferentes comunidades que têm o pampa como lar. Entre perspectivas de pecuaristas familiares, assentados da reforma agrária, comunidades remanescentes de quilombolas e povos indígenas, a obra constrói um rico mosaico de identidades sociais, mostrando como suas experiências estão intimamente ligadas à urgência da conservação ambiental.
Em sua estreia no 51º Festival de Cinema de Gramado, a produção levou o Kikito de Melhor Longa-metragem Gaúcho pelo Júri Popular.
A exibição de Sobreviventes do Pampa é seguida de uma conversa com pesquisadores do Instituto de Biociências. Ana Porto, Felícia Fischer e Mateus Camana trazem um breve panorama de seus estudos sobre o pampa, e promovem um diálogo voltado a problematizar a situação crítica do bioma.
Sobreviventes do Pampa
(dir. Rogério Rodrigues | Brasil | 2023 | 88 min)
Quando a busca por sua origem o leva à pampa profunda, o diretor do documentário descobre um bioma recentemente reconhecido e que apresenta mais da metade de sua área nativa destruída. Então, sua procura passa pela descoberta de um bioma singular e seus habitantes, num mosaico entre os povos originários, comunidades quilombolas, pecuaristas familiares, assentados da reforma agrária e empresários rurais, que o fazem compreender a urgência da preservação e o fortalecimento da consciência ambiental, essenciais para a nossa sobrevivência.
Identidade , Resistência e Direitos Fundamentais
Na mesma data, será ainda apresentada a película Toda Noite Estarei Lá. Com exibição programada para às 19h, o público poderá acompanhar a história de uma cabeleireira transexual que luta pela liberdade religiosa. Em parceria com a Descoloniza Filmes, a sessão será seguida de uma roda de conversa para tratar do tema.
O longa-metragem retrata a jornada de Mel Rosário. Impedida de frequentar o culto de sua preferência, ela luta para exercer seu direito constitucional à liberdade religiosa.
Ao longo de anos marcados pela ascensão de um governo ultraconservador e pelas dificuldades da pandemia, Mel persiste em levar cartazes à porta da igreja, na esperança de um dia poder voltar a entrar. O documentário lança luz sobre questões de identidade, resistência e direitos fundamentais em um cenário de opressão política e social.
Apesar da história de Mel ser única para as cineastas, representa os dilemas que nossa sociedade vive. Acompanhando sua trajetória, está um rastro do ultra conservadorismo e da violência contra uma determinada população. “A Mel é uma travesti defensora dos direitos humanos. Ela enfrenta todos os dias uma sociedade que oprime e desumaniza pessoas LGBTQIAP+. A gente costuma dizer que a Mel é uma outsider tanto no contexto da igreja e da religião com a qual ela se identifica, porque essa igreja não acolhe pessoas como ela, quanto no contexto progressista, que tem extrema dificuldade de dialogar com as religiões neo pentecostais, por exemplo”, contam as diretoras.
“Então, enquanto diretoras lésbicas, a gente acredita que só existe transformação através de intervenção. Acreditamos que esse filme propõe um diálogo com quem pensa que existem vidas que valem menos que outras e que se não contarmos essas histórias, se não existirmos nas telas, se não construirmos um imaginário diferente, uma memória dessas vidas, a gente não muda essa realidade. Quantas heroínas travestis existem no cinema brasileiro? Quantas travestis a gente conhece? Quantas frequentam a nossa casa A Mel também está nesse lugar de representar uma população sub-representada no nosso imaginário e nas nossas telas”, complementam.
Toda Noite Estarei Lá
(dir.Suellen Vasconcelos e Tati Franklin | Brasil | Documentário | 72min)
Impedida de frequentar o culto de sua preferência, Mel não desiste de professar a sua fé. Toda noite ela prepara cartazes e os leva para a porta da igreja, à espera do dia que poderá voltar a entrar. Ao longo de anos marcados pela ascensão de um governo ultraconservador e pelas dificuldades trazidas por uma inesperada pandemia, o documentário acompanha a luta da cabeleireira transexual por fazer valer o seu direito constitucional à liberdade religiosa.
Serviço
Sessão de Sobreviventes do Pampa
3 de outubro | quinta-feira | 16h + Conversa com os pesquisadores Ana Porto, Felícia Fischer e Mateus Camana.
Sessão de Toda Noite Estarei Lá
3 de outubro | quinta-feira | 19h + Sessão seguida de conversa.
As entradas são francas e abertas à comunidade em geral. O cinema da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) está localizado no campus central da Universidade, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333, Porto Alegre.