Extrema direita cresce em Curitiba, mas progressistas também se fortalecem na Câmara
Brasil de Fato
As eleições de 2024 para a Câmara Municipal de Curitiba resultaram em uma nova configuração política, marcada pelo crescimento expressivo de representantes da extrema direita, muitos oriundos das redes sociais, mas também pelo fortalecimento de setores progressistas. O movimento ecoa, também, na disputa pela Prefeitura, que terá segundo turno entre Cristina Graeml (PMB) e Eduardo Pimentel (PSD), ambos alinhados a projetos de direita, mas com perfis distintos.
Avanço da extrema direita digital
Um dos fenômenos mais notáveis desta eleição foi o crescimento da popularidade de candidatos da extrema direita com forte presença nas redes sociais e plataformas digitais. Estes candidatos são conhecidos por suas posições conservadoras em temas relacionados a costumes e segurança pública.
Entre os eleitos, destacam-se Guilherme Kilter (Novo), Bruno Secco (PMB) e Olimpio – Mundo Polarizado (PL), influenciadores digitais que souberam transformar sua popularidade online em capital político. Suas campanhas, centradas no combate ao “politicamente correto” e na defesa de uma Curitiba “tradicional e segura”, atraíram eleitores insatisfeitos com a política convencional.
A ascensão desses candidatos reforça o papel das redes sociais na política curitibana, onde transmissões ao vivo e vídeos virais moldaram a disputa, engajando seguidores com narrativas que ressoam fortemente entre o eleitorado conservador.
Ampliação da Bancada Progressista
Apesar do crescimento da direita, o campo progressista também obteve conquistas significativas. Pela primeira vez, o Psol conquistou uma cadeira na Câmara de Curitiba, com a eleição da professora Angela Machado, que defendeu uma plataforma voltada para os direitos humanos e a justiça social.
Além disso, o setor progressista foi reforçado pela reeleição de Giorgia Prates – Mandata Preta (PT), ativista das pautas raciais, e de Ângelo Vanhoni (PT). Entre os novos nomes estão Lais Leão (PDT), ligada a causas urbanísticas, Vanda de Assis (PT), militante dos movimentos populares, e a jovem Camilla Gonda (PSB), que traz uma visão renovada ao legislativo curitibano. A ampliação dessa bancada promete um debate mais plural na Câmara, em contraponto à hegemonia conservadora.
Recorde de Representação Feminina
Outro destaque desta eleição foi o aumento histórico da representação feminina na Câmara. Com 12 mulheres eleitas, Curitiba alcançou um novo patamar de diversidade de gênero no legislativo. Delegada Tathiana (União Brasil) foi a mulher mais votada, e as reeleições de Indiara Barbosa (Novo) e Amália Tortato (Novo) consolidam lideranças em pautas de governança e economia. A chegada de jovens figuras como Camilla Gonda (PSB), de apenas 23 anos, contribui para a renovação de ideias e perspectivas no cenário político municipal.
Com uma forte bancada conservadora, impulsionada por influenciadores digitais, e um setor progressista que, embora minoritário, demonstra potencial para promover mudanças e contrapor as pautas dominantes, a cidade deve enfrentar intensos embates no legislativo. O segundo turno entre dois candidatos de direita apenas reforça a tendência de disputas acirradas nos próximos anos.
As eleições de 2024 sublinham o impacto das redes sociais na política curitibana e a ascensão de novos perfis que, a partir de suas plataformas digitais, conseguiram moldar o debate público. Ao mesmo tempo, progressistas começam a ocupar espaços em um cenário tradicionalmente conservador, sinalizando possíveis transformações nas próximas legislaturas.
Composição Partidária da Nova Legislatura
A nova legislatura da Câmara Municipal de Curitiba possui diversidade partidária, com 15 dos 29 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conquistando cadeiras. O Partido Social Democrático (PSD) se destaca, com a maior bancada da Casa, composta por seis vereadores. As segundas maiores bancadas são ocupadas pela União Brasil e pelo Partido Liberal (PL), cada um com quatro representantes.
Além disso, Podemos (Pode), Partido Progressista (PP), Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Novo (Novo) e Republicanos elegeram três vereadores. Já o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) contarão com dois parlamentares. Com um vereador cada, os partidos Renovação Democrática (PRD), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido da Mulher Brasileira (PMB) também estarão presentes.
Notavelmente, o Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e o Agir fazem sua estreia na Câmara, ambos com um parlamentar. Por outro lado, partidos como Cidadania, Solidariedade, Partido Verde (PV), Rede Sustentabilidade (Rede) e Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) não conseguiram eleger candidatos nesta eleição. A nova configuração partidária reflete a complexidade e a dinâmica política de Curitiba, prometendo intensos debates legislativos nos próximos anos.
Confira a lista de vereadores/as eleitos/as:
Jasson Goulart (Republicanos) – 21.684 votos
Guilherme Kilter (Novo) – 16.664 votos
Da Costa do Perdeu Piá (União) -15.014 votos
Delegada Tathiana (União) – 12.515 votos
João Bertega (União) – 12.346 votos
Bruno Secco (PMB) – 11.436 votos
Marcelo Fachinello (Pode) – 10.812 votos
Serginho do Posto (PSD) – 10.703 votos
Andressa Bianchessi (União) – 10.443 votos
Marcos Vieira (PDT) – 10.405 votos
Beto Moraes (PSD) – 10.142 votos
Tico Kuzma (PSD) – 10.042 votos
Leonidas Dias (Pode) – 9.835 votos
Nori Seto (PP) – 9.329 votos
Angelo Vanhoni (PT) – 9.176 votos
Indiara Barbosa (Novo) – 9.106 votos
Pier (PP) – 8.218 votos
Elder Borges (PL) – 8.011 votos
Meri Martins (Republicanos) – 7.938 votos
Zezinho Sabará (PSD) – 7.740 votos
Olimpio – Mundo Polarizado (PL) – 7.732 votos
Rafaela Lupion (PSD) – 7.259 votos
Professor Euler (MDB) – 7.257 votos
Laís Leão (PDT) – 6.954 votos
Sidnei Toaldo (PRD) – 6.659 votos
Toninho da Farmácia (PSD) – 6.627 votos
Carlise Kwiatkowski (PL) – 6.384 votos
Professora Angela (Psol) – 6.294 votos
Fernando Klinger (PL) – 6.288 votos
Hernani (Republicanos) – 6.267 votos
Amália Tortato (Novo) – 6.206 votos
Giorgia Prates – Mandata Preta (PT) – 6.070 votos
Renan Ceschin (Pode) – 5.826 votos
Tiago Zeglin (MDB) – 5.652 votos
Vanda de Assis (PT) – 5.006 votos
Lórens Nogueira (PP) – 4.727 votos
Bruno Rossi (Agir) – 3.824 votos
Camilla Gonda (PSB) – 3.062 votos