‘Leva bandeiras muito parecidas com as nossas’, diz representante do movimento negro em ato pró Boulos
Brasil de Fato
Sob o mote “Negras e negros votam 50”, movimentos e políticos se reuniram em uma manifestação em frente ao Teatro Municipal nesta quinta-feira (24), a três dias do pleito que vai definir o próximo prefeito de São Paulo.
Em apoio a Guilherme Boulos (Psol) e contra a reeleição de Ricardo Nunes (MDB), a convocatória do ato defende estar “na hora de eleger quem vai colocar a dignidade da população negra no centro do debate”.
No microfone, o professor José Henrique, da União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora (Uneafro), lembrou da declaração racista de Ricardo Mello Araújo, atual vice de Nunes na campanha.
“Em 2017, quando o vice, que era da Rota [Ronda Ostensiva Tobias Aguiar], a corporação policial que mais mata, falou que seria inadmissível um policial tratar os bairros grã-finos da forma como trata as pessoas nos bairros pobres. Fizemos um ato na praça Roosevelt em repúdio a essa fala”, diz. Na ocasião, Mello era comandante da Rota.
Na avaliação de Milton Barbosa, representante do Movimento Negro Unificado (MNU), a campanha do psolista levanta as pautas que interessam ao movimento.
“Ele faz parte de um movimento que leva bandeiras muito parecidas com as nossas: enfrentamento ao racismo e discriminação racial, à violência policial, na questão de moradias decentes, investimento na educação, na cultura”, diz.
Ao lado do MNU, os movimentos Unegro e Raiz da Liberdade, o coletivo negro do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), esticaram suas bandeiras nas escadarias do Teatro, no centro da cidade.
Entre parlamentares negros presentes estavam a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) e as deputadas estaduais de São Paulo Ediane Maria (Psol) e Simone Nascimento (Psol), que destacou as expectativas sobre as políticas para a população negra.
“Efetivar a lei 10.639, que é do ensino nas escolas da educação antirracista, ter um cuidado integral à saúde da população negra, gerar postos de trabalho nas periferias e construir uma são Paulo antirracista que seja um exemplo pro restante do Brasil e pro mundo”, diz. A lei 10.693 torna obrigatório o ensino de história e cultura afro brasileira nas escolas.
Também compareceram Jô Cavalcanti (Psol-PE) e Amanda Paschoal (Psol-SP), ambas recém-eleitas vereadoras – uma em Recife (PE), outra na capital paulista. Boulos, que está em campanha na Zona Leste, não foi ao evento.
Divulgada na tarde desta quinta-feira (24), a pesquisa mais recente do Instituto Datafolha mostra Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com 49% das intenções de voto. Boulos, cuja candidatura é encampada pelo presidente Lula (PT), aparece com 35%.